DEPRECAÇÕES A MARIA EM TEMPO DE PESTE
As seguintes orações são excertadas de publicações do Jornal O Araripe, produzido em Crato e distribuído na região do Cariri cearense. Datam de 1856, quando uma epidemia de cólera assolava a região nordeste do Brasil. A última oração, ESTRELA DO CÉU, é popular e possui diversas versões. Aqui está contida uma com aprovação eclesiástica de 1908.
I
Da peste que nos assola
Com tanta fúria e tormento,
Livrai-nos Mãe, amorosa,
Ó Virgem do Livramento.
Pois por ela combatidos,
Já perdemos o alento;
Dai-nos conforto e coragem
Ó Virgem do Livramento.
Do vosso império, Senhora,
Ouvi o triste lamento,
Pois sois nossa protetora
Ó Virgem do Livramento.
De Deus ao justo castigo
Quem se julgará isento?
Intercedei por nós todos,
Ó Virgem do Livramento.
Para que livres do vírus*
Cheios de contentamento
Cantemos vossos louvores,
Ó Virgem do Livramento.
D’emendar nossos delitos
Recebei o juramento
Santificai nossa jura,
Ó Virgem do Livramento.
Sede nossa defensora
Agora e em todo momento;
Livrai-nos de todo o mal
Ó Virgem do Livramento.
II
Socorrei-nos, oh Maria,
Entre as mulheres bendita,
Que no ventre encerrastes
A natureza infinita.
Salve Rainha excelsa dos anjos
Lá dos céus a glória e brilho,
Misericórdia alcançai-nos
Do vosso divino filho.
Nas tempestades da vida
És a estrela bonançosa,
Que nos despontas no Céu
Sempre brilhante e formosa.
Amainai pois, oh Senhora,
Esta horrível tempestade,
Desassombrai-nos, e dai-nos
A paz e serenidade.
III
Arca santa imaculada,
Tão pura e cheia de graça,
Sede a nossa salvação
Neste pego de desgraças.
És Mãe do Deus, que humanado
Por nós expirou na cruz,
Que pedirás, oh Senhora,
Que vos negue o Bom Jesus?
Também és mãe carinhosa
Dos aflitos pecadores
És o refúgio que temos,
Nas amarguras e dores.
Advogada celeste,
Desta pobre humanidade,
Perdão, Senhora, alcançai-nos,
Da divina Majestade.
Dissipai a cruel peste,
Poderosa Intercessora,
Como a cabeça esmagastes
Da serpente enganadora.
Dando à luz o Redentor,
Ó prodígio sem igual!
Inda na terra extinguiste
A cruel peste mortal.
Hoje Rainha e Senhora
Na corte celestial,
O que é para vós curar-nos
Desta peste corporal?
A natureza, Senhora
Ao vosso filho obedece,
E vosso filho que a rege,
Não resiste à vossa prece.
Rogai, e serão trocados
Só por vossa interferência
De Deus os terríveis raios
Em sorrisos de clemência.
Recolhei nossos lamentos
Em vosso seio materno,
E lançai nesta agonia
Sobre nós um olhar terno.
Mostrai-nos, ó Mãe piedosa,
Que no Céu, onde fulguras,
Não esqueceis vossos filhos
Neste exílio de amarguras.
Socorrei-nos, Virgem Mãe,
Pela vossa Conceição,
Pelas dores, que sofrestes
Do Salvador na Paixão.
IV
Virgem das Virgens, - Santa criatura,
Estrela de Jacó, - luz da pureza,
Trono de Salomão, - da natureza
Espanto, maravilha e formosura.
Nas tormentas da vida âncora segura
Das trevas do pecado - Aurora ilesa,
Iris do Céu, coluna de firmeza,
Vencedora mortal da serpe impura.
Tu que no claustro teu - puro, inocente,
O ser trouxeste, - que o miserável mundo
Remiu da nódoa astros da culpa ingente.
Ai! lembra-te que és mãe d'amor profundo,
Não consintas que a peste me atormente
E me conduza à habitação do drago imundo.
O Araripe, nº 45, Sábado, 17 de maio de 1856, pág. 4 - Imp. por Jesuino Briseno da Silva - *Original: cólera
Ó, Virgem das Dores,
Volvei vossos olhos
Para os pecadores.
Verás, como aflito
Geme agora o povo,
Sofrendo os rigores
De um castigo novo
O vírus patente*
Sem contemplação,
Extinguir pretende
Vossa geração.
Hoje o vosso auxílio
Vimos implorar;
Queremos a graça
Celeste alcançar.
Pelas vossas dores
Contemplai, senhora,
Os feitos da peste
Tão devastadora.
Um raio celeste
Dessa luz divina
Iluminar venha
Nossa medicina.
Para triunfantes
Podermos zombar
Desse desertor
Que nos quer ceifar
Excelsa senhora,
Tipo de bondade
Lançai vosso manto
Sobre a cristandade.
Vós, que já passastes
Por grandes tormentos,
Ouvi com ternura
Tão justos lamentos
A quem recorrermos
Nessa extrema dor?
Só à nossa mãe,
Mãe do Salvador
Qual será, senhora,
Tão grande o pedido
Que a mãe faça ao filho
Sem ser atendido?
De vós esperamos
Todo nosso bem;
Em nosso favor
Sede sempre. Amém.
*Original: cólera-mórbus
Na mais cruel agonia.
Oh! quanto valer-nos pode
O coração de Maria!
É mais puro que as estrelas,
Mais claro que o claro dia,
É fonte de graças cheia
O coração de Maria
Qual sol, que as sombras da noite
Do triste globo desvia,
Assim nos dissipa os males
O coração de Maria.
Nas cadeias do pecado
Todo o mundo gemeria,
Senão as despedaçasse
O coração de Maria.
Das garras do negro monstro
Ninguém livre se veria,
Se deles nos não tirasse
O coração de Maria.
Quando Deus formou o homem,
Prevendo o que ele seria
Destinou-lhe para amparo
O coração de Maria.
É das graças o tesouro
Para nós de mór valia
É da Trindade Sacrário
O coração de Maria.
Encerra os grandes mistérios,
Tem dos dons a primazia,
É um mar todo de graças
O coração de Maria
O Divino Redentor
Já na última agonia,
Deixou-nos para remédio
O coração de Maria.
Não quis ficássemos órfãos
Visto que aos céus se partia,
Deu-nos Mãe, deu-nos enfim
O coração de Maria.
Entre o Filho, e a Virgem Mãe
Existe tal simpatia,
Que só é cristão quem ama
O coração de Maria.
Ó vós todos que sofreis
Qualquer mortal agonia,
Buscai, e sereis contentes,
O coração de Maria
O Araripe, nº 47, Sábado, 18 de junho de 1856, pág. 4 - Imp. por Jesuino Briseno da Silva
(Repetir 3 vezes)
OREMOS - Deus de misericórdia, / Deus de piedade, / Deus de perdão, / que compadecendo-vos da aflição do povo, / disseste ao anjo que o feria,/ 'suspende a tua mão'. / Pelo amor daquela Estrela Gloriosa, / de cujos peitos preciosos / tão docemente mamaste o licor / contra o veneno dos nossos delitos, / para que seguramente fôssemos salvos / de toda peste / se morte repentina / por vós, Jesus Cristo / Rei da Glória e Salvador do mundo / que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. / Amém.
℣. Santo Deus, livrai-nos:
℞. Da peste e de todo mal.
℣. Por vossas chagas, por vossa cruz:
℞. Livrai-nos da peste, Divino Jesus.
℣. Da cólera celeste que a culpa desafia:
℞. Nos guarde e nos defenda a Virgem Maria. Amém.
Aprovação Eclesiástica - Mons. Castro - Vigário Geral - Bahia, outubro de 1908
I
Da peste que nos assola
Com tanta fúria e tormento,
Livrai-nos Mãe, amorosa,
Ó Virgem do Livramento.
Pois por ela combatidos,
Já perdemos o alento;
Dai-nos conforto e coragem
Ó Virgem do Livramento.
Do vosso império, Senhora,
Ouvi o triste lamento,
Pois sois nossa protetora
Ó Virgem do Livramento.
De Deus ao justo castigo
Quem se julgará isento?
Intercedei por nós todos,
Ó Virgem do Livramento.
Para que livres do vírus*
Cheios de contentamento
Cantemos vossos louvores,
Ó Virgem do Livramento.
D’emendar nossos delitos
Recebei o juramento
Santificai nossa jura,
Ó Virgem do Livramento.
Sede nossa defensora
Agora e em todo momento;
Livrai-nos de todo o mal
Ó Virgem do Livramento.
II
Socorrei-nos, oh Maria,
Entre as mulheres bendita,
Que no ventre encerrastes
A natureza infinita.
Salve Rainha excelsa dos anjos
Lá dos céus a glória e brilho,
Misericórdia alcançai-nos
Do vosso divino filho.
Nas tempestades da vida
És a estrela bonançosa,
Que nos despontas no Céu
Sempre brilhante e formosa.
Amainai pois, oh Senhora,
Esta horrível tempestade,
Desassombrai-nos, e dai-nos
A paz e serenidade.
III
Arca santa imaculada,
Tão pura e cheia de graça,
Sede a nossa salvação
Neste pego de desgraças.
És Mãe do Deus, que humanado
Por nós expirou na cruz,
Que pedirás, oh Senhora,
Que vos negue o Bom Jesus?
Também és mãe carinhosa
Dos aflitos pecadores
És o refúgio que temos,
Nas amarguras e dores.
Advogada celeste,
Desta pobre humanidade,
Perdão, Senhora, alcançai-nos,
Da divina Majestade.
Dissipai a cruel peste,
Poderosa Intercessora,
Como a cabeça esmagastes
Da serpente enganadora.
Dando à luz o Redentor,
Ó prodígio sem igual!
Inda na terra extinguiste
A cruel peste mortal.
Hoje Rainha e Senhora
Na corte celestial,
O que é para vós curar-nos
Desta peste corporal?
A natureza, Senhora
Ao vosso filho obedece,
E vosso filho que a rege,
Não resiste à vossa prece.
Rogai, e serão trocados
Só por vossa interferência
De Deus os terríveis raios
Em sorrisos de clemência.
Recolhei nossos lamentos
Em vosso seio materno,
E lançai nesta agonia
Sobre nós um olhar terno.
Mostrai-nos, ó Mãe piedosa,
Que no Céu, onde fulguras,
Não esqueceis vossos filhos
Neste exílio de amarguras.
Socorrei-nos, Virgem Mãe,
Pela vossa Conceição,
Pelas dores, que sofrestes
Do Salvador na Paixão.
IV
Virgem das Virgens, - Santa criatura,
Estrela de Jacó, - luz da pureza,
Trono de Salomão, - da natureza
Espanto, maravilha e formosura.
Nas tormentas da vida âncora segura
Das trevas do pecado - Aurora ilesa,
Iris do Céu, coluna de firmeza,
Vencedora mortal da serpe impura.
Tu que no claustro teu - puro, inocente,
O ser trouxeste, - que o miserável mundo
Remiu da nódoa astros da culpa ingente.
Ai! lembra-te que és mãe d'amor profundo,
Não consintas que a peste me atormente
E me conduza à habitação do drago imundo.
O Araripe, nº 45, Sábado, 17 de maio de 1856, pág. 4 - Imp. por Jesuino Briseno da Silva - *Original: cólera
DEPRECAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS DORES
Ó, mãe do Deus homem,Ó, Virgem das Dores,
Volvei vossos olhos
Para os pecadores.
Verás, como aflito
Geme agora o povo,
Sofrendo os rigores
De um castigo novo
O vírus patente*
Sem contemplação,
Extinguir pretende
Vossa geração.
Hoje o vosso auxílio
Vimos implorar;
Queremos a graça
Celeste alcançar.
Pelas vossas dores
Contemplai, senhora,
Os feitos da peste
Tão devastadora.
Um raio celeste
Dessa luz divina
Iluminar venha
Nossa medicina.
Para triunfantes
Podermos zombar
Desse desertor
Que nos quer ceifar
Excelsa senhora,
Tipo de bondade
Lançai vosso manto
Sobre a cristandade.
Vós, que já passastes
Por grandes tormentos,
Ouvi com ternura
Tão justos lamentos
A quem recorrermos
Nessa extrema dor?
Só à nossa mãe,
Mãe do Salvador
Qual será, senhora,
Tão grande o pedido
Que a mãe faça ao filho
Sem ser atendido?
De vós esperamos
Todo nosso bem;
Em nosso favor
Sede sempre. Amém.
*Original: cólera-mórbus
DEPRECAÇÃO AO CORAÇÃO DE MARIA
Em qualquer tribulaçãoNa mais cruel agonia.
Oh! quanto valer-nos pode
O coração de Maria!
É mais puro que as estrelas,
Mais claro que o claro dia,
É fonte de graças cheia
O coração de Maria
Qual sol, que as sombras da noite
Do triste globo desvia,
Assim nos dissipa os males
O coração de Maria.
Nas cadeias do pecado
Todo o mundo gemeria,
Senão as despedaçasse
O coração de Maria.
Das garras do negro monstro
Ninguém livre se veria,
Se deles nos não tirasse
O coração de Maria.
Quando Deus formou o homem,
Prevendo o que ele seria
Destinou-lhe para amparo
O coração de Maria.
É das graças o tesouro
Para nós de mór valia
É da Trindade Sacrário
O coração de Maria.
Encerra os grandes mistérios,
Tem dos dons a primazia,
É um mar todo de graças
O coração de Maria
O Divino Redentor
Já na última agonia,
Deixou-nos para remédio
O coração de Maria.
Não quis ficássemos órfãos
Visto que aos céus se partia,
Deu-nos Mãe, deu-nos enfim
O coração de Maria.
Entre o Filho, e a Virgem Mãe
Existe tal simpatia,
Que só é cristão quem ama
O coração de Maria.
Ó vós todos que sofreis
Qualquer mortal agonia,
Buscai, e sereis contentes,
O coração de Maria
O Araripe, nº 47, Sábado, 18 de junho de 1856, pág. 4 - Imp. por Jesuino Briseno da Silva
ESTRELA DO CÉU
Estrela do Céu / Maria Santíssima, / que em seus peitos alimentou Jesus Cristo / extinguiu a morte pela peste / que plantou o primeiro pai do gênero humano. / Digne-se agora a mesma Estrela / de impedir os influxos que por suas malignas disposições / ferem o povo com mortais chagas. / Ó, piedosíssima Estrela do Mar, / valei-me, Senhora / já que o vosso Filho vos atende e vos honra de tal modo, / que nada vos nega. / Jesus, salvai-nos. / Por nós vos roga vossa Mãe / para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.(Repetir 3 vezes)
OREMOS - Deus de misericórdia, / Deus de piedade, / Deus de perdão, / que compadecendo-vos da aflição do povo, / disseste ao anjo que o feria,/ 'suspende a tua mão'. / Pelo amor daquela Estrela Gloriosa, / de cujos peitos preciosos / tão docemente mamaste o licor / contra o veneno dos nossos delitos, / para que seguramente fôssemos salvos / de toda peste / se morte repentina / por vós, Jesus Cristo / Rei da Glória e Salvador do mundo / que viveis e reinais por todos os séculos dos séculos. / Amém.
℣. Santo Deus, livrai-nos:
℞. Da peste e de todo mal.
℣. Por vossas chagas, por vossa cruz:
℞. Livrai-nos da peste, Divino Jesus.
℣. Da cólera celeste que a culpa desafia:
℞. Nos guarde e nos defenda a Virgem Maria. Amém.
Aprovação Eclesiástica - Mons. Castro - Vigário Geral - Bahia, outubro de 1908