CURSO 3 - CHEFES

Proposta de uma formação especializada para chefes leigos das Congregações Marianas oferecida aos Revmos. PP. Diretores pelo 
PE. WALTER MARIAUX S. J.
Diretor do Secretariado Geral das Congregações Marianas em Roma

I. PRECISAMOS DE CHEFES

No Curso "Cavaleiros de Maria" citamos uma palestra de S. Pio X com alguns Cardeais: "Que é hoje mais necessário para salvar a sociedade humana?", perguntou o Papa. As respostas foram diversas: "A fundação de escolas católicas.", "A formação de uma geração de sacerdotes exemplares" etc. — "Sem dúvida, disse o Sumo Pontífice, porém mais necessário é, que cada Paróquia possua um grupo de leigos profundamente cristãos, instruídos, ativos, verdadeiros apóstolos."

Não sabemos se esta conversa é verdadeiramente histórica. Em todo o caso a sua ideia é justa, e em nossos dias encontra sua confirmação. Nunca houve como hoje um momento histórico, em que precisássemos mais de leigos bem formados e intrépidos; porque nunca as próprias bases da vida social e da dignidade humana estiveram em tão grande perigo de ruína. As convulsões atuais da |Europa, terão infalivelmente suas repercussões aqui no Brasil. O mundo tornou-se pequeno e nenhum país hoje se pode dizer isolado. Ora, sob as catástrofes e revoluções doa nossos tampos, observamos uma luta encarniçada de idéias.

Todos deveriam convencer-se, de que as raízes dos acontecimentos atuais, encontram-se no terreno religioso. A razão e a experiência histórica, junto às palavras dos Sumos Pontífices, têm demonstrado com evidência, que só a fé em Deus e a submissão à lei da moralidade, podem oferecer fundamento estável à vida humana, à verdadeira civilização. Portanto, múltiplo é hoje o papel da Igreja.

Primeiramente, debelar a ignorância e a sua consequência, o indiferentismo religioso. Os católicos indiferentes. liberais, os católicos às meias, absolutamente não serão capazes de resistir à onda do ateísmo, que levantada por todos os meios da técnica moderna, invade todos os recantos da terra.

Depois, impõe-se outro dever, cuja importância aumenta cada vez mais: reconquistar! Os povos, conforme diz o Papa Pio XI na encíclica de Cristo Rei, abandonaram a Deus laicizando todo o campo da vida e da cultura.

Portanto a Igreja, nunca talvez na história, teve um trabalho tão difícil e, ao mesmo tempo, tão decisivo como hoje. A ela compete novamente, infundir o espírito cristão, num mundo não somente secularizado e acatólico; mas também em parte, anticatólico e pronto a si deixar arrastar por novas ideologias anti-cristãs, que entusiasmam a juventude e prometem à humanidade uma nova ordem, fundada sobre o paganismo. A ela compete cristianizar um tal mundo, submetendo ao império de Cristo as células da vida humana, — a família e a vida pública, a cultura e a civilização, em todos os seus ramos. Quem não vê a dificuldade gigantesca de tal tarefa?

Como enfrentar estas necessidades? S. Pio X insistiu na formação de apóstolos leigos. Pio XI acrescentou o apelo à Ação Católica. É verdade que a Igreja possui sacerdotes. Mas. que significam cinco mil Padres num país de quarenta milhões de católicos? E, além disso, quantos homens não querem mais ouvir a voz da Igreja, quantos redutos da sociedade, também aqui no Brasil, são praticamente impenetráveis ao sacerdote! E quantos, cheios de desconfiança e preconceitos, evitam o encontro do Padre! A estes, só os leigos podem conquistar, substituindo o Padre, ou pelo menos, preparando-lhe o caminho.

Porém, os leigos precisam, antes de tudo, de bons chefes. Com efeito, sempre se verifica que uma minoria ativa e organizada sacode a massa. A formação de pequenos grupos escolhidos é o meio melhor, e talvez o único eficaz para influenciar nas multidões e para infundir nelas as próprias idéias, os próprios ideais e as próprias convicções. Muito bem diz o Cardeal Newman: "A graça atua e aperfeiçoa, a sua obra com auxílio dum reduzido número de homens. É de seus profundos conhecimentos, é da clareza e firmeza de suas consciências e da sua dedicação absoluta, é do sangue dos mártires e das orações dos santos, dos heroísmos e das energias concentradas numa palavra ou numa instituição, que o céu se serve como de instrumento".

Mas onde encontrar estes chefes? Temos que formá-los! E a quem, senão às CC.MM. cabe fazê-lo? Suas regras e sua tradição gloriosa lhe impõem tal obrigação. Lembremos as palavras dirigidas por Pio X, em 1904, aos Congregados: "Julgo-me diante de um grupo escolhido de verdadeiros cristãos, isto é, de cristãos fervorosos, dispostos, sob a proteção da Santíssima Virgem, a qualquer sacrifício, até dar a própria vida, para defender a fé e propagar a religião." O Santo Padre Pio XI declarou expressamente, que era das Congregações Marianas, que esperava o mais forte apoio para a Ação Católica. E finalmente, é o nosso Santo Padre Pio XII gloriosamente reinante, que qualificou as CC. MM. de "tropas auxiliares da Igreja, arregimentadas em batalhões pacíficos sob o estandarte da Santíssima Virgem; com as quais a Igreja pode sempre contar." (Carta por ocasião do 4.° Centenário da Companhia de Jesus, 8 de Junho de 1940).

Quantos e quantos Exmos. Bispos recomendavam ainda nos últimos anos as CC. MM. como escolas de apostolado leigo, desejando que fossem fundadas em cada Paróquia. Citemos uma conclusão do Congresso de Diretores, realizado em 1935 em Roma: "As CC. MM. em conformidade com os seus estatutos e tradições, são destinadas a formar grupos escolhidos de fervorosos e zelosos cristãos”. No ano de 1940, reuniram-se os PP. Diretores das CC. de Espanha num congresso que tomou esta resolução: "Dá excelentes resultados formar a todo o custo um grupo de congregados desinteressados e inteiramente entregues à Congregação e às suas obras, congregados que sejam como o braço direito do P. Diretor, nos quais pode este confiar completamente. Estes são os que, tomando como próprios todos os interesses da Congregação, fazendo seus todos os planos do Diretor, arrastarão os outros congregados e darão impulso e eficácia a quanto se empreenda para a maior glória de Deus..."

Finalizando citemos uma decisão do primeiro congresso dos Padres Diretores das Federações do Brasil, realizado em fins de Janeiro de 1941, que inculca o mesmo assunto: "O congresso insiste na formação especializada de chefes, isto é, de congregados que possam assumir proficientemente alguma responsabilidade na Congregação, para ajudar o P. Diretor no governo e administração da mesma (Regra 18)".

Não nos parece, portanto, supérfluo aqui, fazermos um exame de consciência. Pergunte-se cada um a si mesmo, se a sua C. M. é efetivamente uma escola de apóstolos leigos, se os congregados acham nela os meios necessários de formação apostólica. Se pelo contrário a C. M. não consegue estes resultados, onde buscar a causa? Talvez o Diretor não inculcou bastante os motivos, por acaso falta a doutrinação, ou métodos adequados. A metade do sucesso está garantida, se os Diretores estiverem convencidos da transcendência deste ofício de formar chefes e firmemente resolvidos a realizá-lo.


II. RESPONSABILIDADES E INICIATIVA

Eliminemos desde já, a possibilidade de um mal entendido. Ao falarmos de responsabilidade e iniciativa dos chefes nas Congregações Marianas, de modo nenhum queremos identificar estas atitudes com a de independência. As CC. MM. não conhecem chefes "independentes".

Os estatutos determinam claramente as atribuições do P. Diretor e do chefe leigo. Por um lado acentuam fortemente a autoridade do P. Diretor e a sua responsabilidade em tudo o que se faz na C. M .; por outro lado põem em evidência bem claramente, a responsabilidade derivada do P. Diretor e aquele espírito de iniciativa, que convêm aos chefes leigos sempre sob a suprema direção do P. Diretor. Nisto é preciso ver uma nota caraterística e distintiva da C.M., pois é fácil verificar que em outras organizações católicas, os ofícios do Diretor e do chefe leigo são concebidos doutra maneira.

Fixemos a realidade. É por acaso verdade, que os dois princípios mencionados encontram sempre a sua realização? Se examinamos mais de perto a situação, devemos confessar que há CC. MM. em que reina a tendência de frisar a autoridade do P. Diretor de tal maneira que o papel dos chefes leigos é reduzido praticamente à pura passividade. Com efeito, em várias CC. MM. não se pode falar de "chefes"no sentido verdadeiro da palavra.

Não está em prática o que as regras exigem, ou seja a participação dos leigos no governo e na administração da C. M., para despertar neles o sentido de responsabilidade numa atividade que deve ser o fruto de suas próprias energias. Parece-nos que em alguns lugares não se chegou a compreender, que o papel mais importante e próprio da C. M. consiste exatamente na formação de verdadeiros "chefes". Há Diretores que não se deram ainda conta de que uma C. M. da qual não saem tais chefes, não é completa.

Não se conforma totalmente com as regras, o Diretor que toma sozinho todas as resoluções sobre a vida e atividade da sua C. M., sem aconselhar-se com os membros da diretoria nas suas reuniões, iniciativas e decisões.

O mesmo se diga de vários "chefes" leigos, para os quais, o ideal da diretoria, é a renúncia completa de toda a responsabilidade pessoal e de toda a iniciativa e a pura execução das ordens do Diretor.

Compreendemos bem os motivos que levam alguns Diretores a hesitar em pôr em prática as regras, no seu genuíno sentido. Por experiência própria, sabem que uma participação no governo, ainda que derivada do Diretor, traz consigo perigos consideráveis como por ex., falta de união e harmonia, menosprezo da obediência e da confiança filial no P. Diretor e ás vezes também, unia certa vaidade dos chefes a ponto de preferir mandar a obedecer, etc.

Concedemos de bom grado que estes perigos existam e que a obediência filial dos congregados, também dos chefes, ao P. Diretor, é fundamento insubstituível da florescência da C. M. Nem por sonho nos ocorreu propor um método lesivo a este fundamento da vida mariana. Mas perguntamos: será verdade que as dificuldades e os perigos mencionados são insuperáveis? Será justo, renunciar por algumas dificuldades à realização completa do ideal, que certamente, só depois de maduras reflexões foi codificado nos estatutos aprovados pela suprema autoridade eclesiástica? Sim, há perigos na participação dos leigos no governo da C. M .; más podemos vencê-los por meio de uma formação sólida e especializada destes chefes; e é precisamente esta a solução que propomos neste livrinho. Parece-nos que hoje em dia mais que nunca, não podemos renunciar a fazer dos nossos chefes, homens de iniciativa e de verdadeira responsabilidade.

Eis as razões: em primeiro lugar, o apelo do Santo Padre Pio XI à Ação Católica. O sentido deste apelo, é evidentemente o desejo da Igreja de associar mais íntima e diretamente o mundo leigo, no apostolado eclesiástico, de conceder aos leigos maior responsabilidade e de animá-los para uma iniciativa mais acentuada. Certamente, não devemos por isso mudar as nossas regras, mas temos que realizar hoje mais escrupulosamente do que nunca, todas as sugestões que as regras fornecem em favor da responsabilidade e iniciativa dos leigos, tanto mais que professamos na regra 33, expressamente o ‘Sentire cum Ecclesia’, e que aqui no Brasil como se sabe, as CC. MM. fazem coletivamente parte da Ação Católica.

O objetivo mais sublime da C. M., isto é, a interne influência dos seus membros sobre a vida da família, da profissão e sobre a vida pública, não se pode obter senão com o avivar nos leigos esta consciência da própria responsabilidade e com o desenvolvimento da iniciativa pessoal. Não é por acaso natural que os congregados se hão de dedicar com mais zelo e executar as decisões para as quais eles mesmos contribuíram ativamente? Além disso, se recebem do P. Diretor apenas as grandes linhas do seu trabalho e se os pormenores da execução forem deixados à livre escolha de cada um, certamente empenhar-se-ão com muito maior interesse, mobilizando as próprias habilidades, procurando e encontrando os métodos mais indicados. Tomarão mais a sério as deliberações para as quais concorreram, saberão explicá-las aos outros, defendê-las contra objeções, vencendo a indolência de uns e a indiferença de outros, saberão animar e entusiasmar os camaradas, etc. Assim o leigo sentirá de mais em mais aumentar o seu interesse e as suas forças, identificando-se com a obra, que em certo sentido, tornou-se "sua". Ora, quem duvida de que o rendimento da sua atividade será muito maior do que no caso de estar o congregado limitado à simples execução de decisões tomadas sem a sua colaboração?

Quer-nos parecer, que se pretendemos checar a formar nas CC. MM. moços que mais tarde serão verdadeiros chefes católicos, será necessário deixar campo livre à iniciativa pessoal e alimentar o espírito de responsabilidade. Seja dito entre parêntesis, que muitas vezes na direção da Congregação, evitar-se-ão imprudências, despertando nos congregados a consciência da própria responsabilidade; pois, ainda que o Diretor seja superior aos leigos pela sua dignidade sacerdotal e cultura teológica, acontece não raramente, que os seus colaboradores leigos lhe são superiores na experiência da vida e também na capacidade de julgar sobre as possibilidades concretas de adaptação do ideal mariano à vida quotidiana. Eles conhecem muitas vezes, melhor do que o P. Diretor, a mentalidade dos outros congregados, as suas dificuldades e desejos. Talvez sabem melhor do que o Sacerdote, induzir os companheiros ao cumprimento dos deveres religiosos. Vários jovens diretores se arrependeram mais tarde de não ter pedido a opinião dos leigos, ou de a não ter apreciado justamente.

Não nos esqueçamos afinal, de que a Igreja enfrenta hoje, um mundo terrivelmente secularizado. O espaço entre o terreno religioso e profano, alarga-se cada vez mais, e grandes são os preconceitos, unidos a uma desconfiança profunda com respeito aos objetivos e princípios católicos. O isolamento da Igreja e dos Padres, em muitos países não é mais um perigo, é uma realidade. Como se poderá recristianizar um mundo paganizado, como reconciliar com a Igreja um mundo que se tornou alheio a ela, como inspirar confiança a um mundo desconfiado, como reconstruir tantas pontes cortadas senão por meio de leigos ativos e conscientes da própria responsabilidade? É, por conseguinte, a situação da Igreja, que imperiosamente exige a formação de chefes leigos convictos e capazes.

Os superiores eclesiásticos e, especialmente, numerosos Bispos, certamente induzidos por semelhantes reflexões, proclamaram nos últimos tempos, este dever da C. M. de formar chefes, dotados de responsabilidade e iniciativa pessoal.

Felizmente, não precisamos modificar os nossos estatutos para harmonizá-los com as exigências do momento e com as diretrizes eclesiásticas. As regras e a história das melhores Congregações provam que a C. M. deve ser uma escola de chefes leigos, capazes de trabalhar na convicção da própria responsabilidade. Com efeito, as CC. MM. que dão os maiores resultados apostólicos, que gozam de uma influência mais intensiva na vida pública e que vencem as outras não só numericamente, mas também com respeito à atividade dos seus membros, são aquelas em que os chefes leigos tem um papel transcendente.

Tiremos pois a consequência, e insistamos em que os leigos, de sua parte, examinem também se não se contentam talvez comodamente com um papel fácil e passivo demais.


III. VOZES AUTORIZADAS

Seria fácil citar centenas de declarações e diretrizes dos Exmos. Bispos de diversíssimos países que inculcam a necessidade de formar nas CC. MM., chefes, no verdadeiro sentido da palavra, i. é, homens de iniciativa e lutadores com o espírito de responsabilidade.

Contentemo-nos com alegar uma carta do Revmo. Pe. Geral da Companhia de Jesus aos PP. Diretores das CC. MM. da Itália, e depois, as declarações de alguns congressos marianos, que lançam a mesma orientação.

Na sua Carta (de 18-X-1930), o Pe. Geral declara: "É necessário que o Pe. Diretor se deixe ajudar o mais possível, pelos mesmos congregados, não somente nas coisas, por assim dizer, materiais da Congregação, mas também, nas atividades de maior importância, deixando-lhes uma prudente liberdade de iniciativa e de ação, reservando-se só uma vigilância superior. Assim se deve comportar o Pe. Diretor sobretudo com Presidente, Assistentes, Conselheiros e outros oficiais da Congregação, os quais gozam da confiança dos congregados que os elegeram e conforme às regras, devem realmente participar do governo da Congregação. Este método ajuda também para a formação dos mesmos congregados, porque aprenderão a desenvolver cada vez mais as suas qualidades. Animados pelo Pe. Diretor e aproveitando a sua experiência, habituar-se-ão a tomar parte nas responsabilidades da C. M. e afeiçoar-se-ão deste modo muito mais a ela."

O congresso dos Diretores das CC. MM. em Roma, realizado no mês de Agosto de 1935, tomou entre outras, estas resoluções:

"O apostolado coletivo costuma realizar-se na C. M. por meio de seções que devem ser dirigidas pelos próprios congregados. Assim, ao mesmo tempo o Diretor achará colaboradores e despertará nos moços o espírito de iniciativa e responsabilidade...

No governar a Congregação, ainda que retenha a direção suprema, prefira manter uma certa reserva, faça-se ajudar pelos congregados segundo os seus vários ofícios, deixando-lhes uma sábia liberdade de ação, intervindo somente quando for necessário, e para os demais contentando-se com dar as diretrizes e providenciar a que todos tenham consciência da própria responsabilidade e cumpram bem o seu encargo. Eis o verdadeiro modo de formar moços no espírito e na ação."

Em novembro do ano de 1936, realizou-se um Congresso mariano em Miami (Flórida, Estados Unidos). Entre outros assuntos discutiram-se os temas seguintes: "As qualidades dum chefe leigo católico", "A formação destes chefes", "Porque os Congregados devem ser verdadeiros chefes católicos?"

Em 1936, discutiram-se no "Quinto Congresso Mariano Diocesano de Los Angeles" (Estados-Unidos) os temas que se referem à formação dos chefes. O programa do Congresso diz:

"Que falta à atual vida católica? Faltam chefes corajosos que lutem, tendo como base da sua ação as Congregações Marianas, para a unidade e atividade do Catolicismo. Verdadeiros chefes que não se deixem afastar da sua missão nem por respeitos humanos nem pelo medo de sacrifícios pessoais.".

Acrescentamos duas breves citações:

"Sinto-me especialmente unido à vossa Congregação, porque no seio dela formam-se os futuros chefes e os pioneiros militantes do catolicismo na nossa pátria."
(D. João Saric, Arcebispo de Sarajevo (Croácia) numa carta às C. M. dos estudantes.)

"Pensai em fundar novas Congregações, especialmente entre a mocidade... Os diversos grupos na Congregação, devem governar-se a si mesmos, sob o impulso discreto do Pe. Diretor. Assim o problema dos chefes achará a sua solução."
(O Exmo. Bispo de Luxemburgo)


IV. CONCRETAMENTE, QUAL É O PAPEL DOS CHEFES?

Se tomarmos a sério nossos estatutos e realizarmos as preciosas sugestões e diretrizes citadas acima, é certo que formaremos na C. M. verdadeiros chefes de responsabilidade e iniciativa própria. Concretamente, como proceder?

O sentido das regras (Nº 18 e 48 a 56) é, ao nosso ver, o seguinte: Os congregados devem auxiliar o Pe. Diretor em seu ofício, participando ativamente do governo da C. M. e desenvolvendo assim sua própria iniciativa. Vamos analisar a realização concreta desta tarefa.

  1. Os chefes leigos também são responsáveis pela Congregação como um todo, o que vale para cada um dos dignitários maiores. Sua responsabilidade se estende além do âmbito de seus cargos. De fato, as regras exigem que os consultores conheçam bem todos os membros da Congregação e estejam cientes de tudo o que acontece (Regra 56, cf. 50, 51, 52).

Eles devem decidir junto ao Pe. Diretor sobre todas as questões organizacionais da C. M., como seções, programas de reuniões, Comunhões gerais, obras de apostolado, festas, etc. Devem deliberar com o Pe. Diretor sobre a admissão de aspirantes, a exclusão de membros e, em geral, sobre toda a vida da Congregação.

  1. Os membros da Diretoria da C. M., ou seja, os dignitários, têm uma verdadeira autoridade sobre os congregados, sempre sob a dependência do Pe. Diretor. Dentro de seus cargos, são autorizados a estabelecer normas e tomar decisões que exigem obediência dos congregados. É por isso que o Diretor insiste na obediência dos membros.

  2. Como os membros da Diretoria devem participar efetivamente do governo da C. M. (Regra 18), é essencial que tenham a oportunidade de considerar propostas e decisões a serem tomadas. Portanto, o Pe. Diretor deve apresentar essas propostas antecipadamente. A Regra 51 especifica que os membros da Diretoria devem expressar suas opiniões e depois votar. No caso de decisões que afetem toda a Congregação, geralmente são tomadas por maioria na Diretoria e promulgadas após a aprovação do Pe. Diretor (R. 50), embora ele possa fazer exceções.

  3. Outra consequência importante é que os membros da Diretoria devem ter a oportunidade de propor novas ideias e sugestões (Regra 52). É previsto que projetos, propostas e dificuldades sejam discutidos adequadamente — a Regra 52 usa explicitamente este termo. Portanto, o Pe. Diretor deve levar a sério as propostas feitas pelos membros e evitar ridicularizá-las diante dos outros congregados, para não desencorajar ou desvalorizar o senso de iniciativa dos líderes. Se os membros da Diretoria são mais experientes, devem ser respeitados como tal; se são jovens e inexperientes, suas ideias devem ser acolhidas para fortalecer seu senso de responsabilidade e dar-lhes a satisfação de contribuir com boas iniciativas.

  4. As regras supõem que os leigos ocupem vários cargos relacionados às atividades da C. M. e que eles dirijam seções e obras de apostolado. Pode-se falar em uma "direção" de leigos se estes não têm o direito e a oportunidade de decidir sobre a orientação das seções ou obras com verdadeira responsabilidade, sempre dentro das diretrizes gerais do Pe. Diretor? Portanto, cabe aos líderes estabelecer o programa de suas obras conforme suas capacidades, apresentá-lo ao Pe. Diretor ou à Diretoria, obter aprovação e depois liderar sua execução, aplicando métodos adequados, instruindo colaboradores, etc.

É crucial observar duas restrições nessas definições e descrições de responsabilidade e iniciativa dos líderes leigos, que não devemos perder de vista: primeiro, todo esse trabalho deve ser feito sob a orientação discreta e prudente do Pe. Diretor, de modo que a decisão final e a responsabilidade final estejam sempre com ele. Segundo, tudo o que foi exposto deve ser entendido dentro do espírito das regras, de modo que o Pe. Diretor possa ajustar esses métodos conforme necessário para o bem maior da C. M., especialmente em situações onde não haja jovens preparados e capazes.

O Pe. Diretor pode até revogar decisões não apenas de um líder específico, mas também da Diretoria como um todo, ou até mesmo dissolver a Diretoria. No entanto, essa autoridade deve ser usada apenas em circunstâncias extremas e nunca para satisfazer sentimentos feridos, mas sempre para o bem da Congregação. A paz e harmonia na Congregação são garantidas pelo fato de que, segundo as Regras, a direção suprema da C. M. está concentrada nas mãos do Pe. Diretor.



V. A FORMAÇÃO DOS CHEFES

É sublime o ideal que as regras da Congregação propõem ao chefe leigo. Mas, como realizá-lo? O leitor dos capítulos anteriores sentir-se-á provavelmente inclinado a dizer: Oxalá tivéssemos em toda a parte, tais leigos, fervorosos apóstolos, capazes de iniciativas e de assumir sobre si alguma responsabilidade ; ao mesmo tempo humildes, modestos e dignos de toda a confiança. Mas, onde encontrá-los? Respondemos: É preciso formá-los! Propomos neste livrinho um sistema para esta formação especializada dos chefes. Não estranhamos encontrar a princípio, algumas dúvidas e objeções. Por exemplo:

1ª Objeção: Na minha Congregação, não há moços capazes do entusiasmo, zelo e generosidade, que se supõem num chefe destes.

Resposta: Achamos que semelhante pessimismo desconhece a grandiosa eficácia da graça divina. Porque não avivará ela o zelo e a generosidade dos nossos moços? Nossa Senhora da Aparecida, a Padroeira do Brasil, que despertou esta prodigiosa difusão do movimento mariano, dispensará as graças necessárias para os chefes que as pedem humildemente e que empregam todos os meios para a sua formação sólida.

2ª Objeção: Meus congregados devido à pobreza de instrução e cultura, não são capazes destes cargos e desta formação.

Resposta: Para realizar o tipo de chefes que descrevemos aqui, não é preciso muita instrução e cultura, mas zelo religioso e generosidade. Aliás, esta formação de chefes deve adaptar-se ao nível intelectual da Congregação. Ora, por baixo que seja este, há sempre alguns que sobressaem entre os outros. Estes são os que devemos escolher, para que possam com sua superioridade sobre os demais, ajudar o Padre, influenciando nos outros, como chefes da C. M. Nos cursos e exames (de que falaremos mais adiante) devemos naturalmente adaptar-nos, na parte teórica, à capacidade e ao nível cultural dos moços.

3ª Objeção: Fiz experiências pouco animadoras. Acentuando a responsabilidade dos leigos, estes não querem mais obedecer, perdendo-se assim facilmente a união e concórdia na C. M.

Resposta: Acreditamos que alguns fracassem quando lhes demonstramos maior confiança. Não nos deve isto surpreender. Contudo, porque alguns não superam esta prova, com que direito concluímos que ninguém conseguirá superá-la? Se tuna experiência falhou, porque não tentar segunda, e desta vez com melhor t mais sólida preparação? Sem esta formação, não podemos esperar a realização do nosso tão sublime ideal. Seria quase um milagre. A parte principal desta formação, deve consistir em inculcar o verdadeiro tipo do chefe mariano. que irmana em si a atividade com a humildade, a responsabilidade com a obediência, a iniciativa com a modéstia e a vontade de servir. Por meio da formação sólida que propomos neste livrinho e nos "Cavaleiros de Maria", e ajudados pela graça de Deus chegaremos a evitar os perigos e a realizar o ideal proposto pelas Regras da Congregação.

4ª Objeção: Os meus congregados não têm tempo para assistir a longos cursos.

Resposta: Certamente um curso de 3 ou mesmo de 8 dias, seria ótimo. Mas, onde isto não é possível, bastam cursos noturnos durante uma semana, ou duas vezes por semana no domingo e na tarde de sábado.

5ª Objeção: Como podemos nós, vigários ocupadíssimos, encontrar tempo para estes cursos?

Resposta: Não tencionamos inculcar, que todos os Padres Diretores deem tais cursos a seus chefes. Pensamos numa organização mais centralizada, de modo que, por ex. estes cursos sejam promovidos pelas Federações, para as várias Congregações reunidas. Se o Diretor da Federação não tem o tempo necessário para dirigir, deve procurar outro Padre apto e disposto a fazê-lo. A formação dos chefes é de tal alcance que devemos encontrar tempo e pessoa para consegui-la e encontrá-lo-emos, uma vez convencidos da importância desta iniciativa.

6ª Objeção: Porque esta novidade? Nunca foi necessário isto, também hoje não o será. 

Resposta: Não é uma novidade. Bons diretores já há muito tempo se esforçavam para dar aos membros da diretoria uma formação mais profunda. Além disso, o argumento citado nada conclui, pois as CC. MM., como todas as organizações submetem-se à lei da evolução, e pode muito bem acontecer, que o que nos tempos passados era dispensável, hoje seja necessário. Ora, quem conhece um pouco os tempos em que vivemos, não ousará negar que a luta das idéias é hoje mais renhida do que em outras épocas. A secularização da vida pública e até familiar, o indiferentismo de muitos ambientes e a onda de idéias pagãs e naturalistas são realidades que exigem apóstolos leigos ativos e cuidadosamente preparados para combatê-las. Aliás, as diretrizes das autoridades eclesiásticas são suficientemente claras. Encaremos, portanto, com otimismo este assunto de tanta importância; lembremo-nos de quantas organizações não só políticas mas também religiosas, concentram todos seus esforços neste ponto, não recuando ante os maiores sacrifícios de pessoal e de recursos pecuniários.

E não são, por acaso, os inimigos da Igreja que nos dão um exemplo que quase nos deve encher de vergonha? Fas est et ab hoste doceri!

Quando lemos por exemplo como os comunistas empregam anos e anos para instruir sistematicamente seus chefes, com pessoal escolhidíssmo em cursos especializados, escolas noturnas, internatos, até universidades, não me parece exorbitante propor um curso de três dias ou algumas noites para formar os arautos de Nosso Senhor e os cavaleiros de Maria.

Formemos não somente os chefes já empossados na Congregação Mariana, mas também os que prometem tornar-se no futuro bons chefes, membros da Diretoria. E chamamos chefes os congregados dotados de capacidade e de disposição para assumir alguma responsabilidade na Congregação Mariana, como membros da Diretoria, presidentes de seções, de grupos, de círculos de estudo, etc.

"Chefes" são, pois, não só os congregados que exercem atualmente um cargo, mas todos os que, depois de uma formação especializada, têm aptidão para serem escolhidos como responsáveis num posto da Congregação Mariana.

Quantas vantagens não trarão estes Cursos às Congregações Marianas, pela simples razão de aperfeiçoar os chefes no seu caráter, na técnica e na organização! No Curso, eles receberão um forte impulso religioso e ascético, para se tornarem congregados exemplares e conscientes de que pesa sobre sua própria responsabilidade a vida mesma da Congregação.

Além do mais, estes Cursos terão particularmente em vista aumentar nos chefes a capacidade de influir sobre os companheiros, de contribuir ativamente para a instrução dos aspirantes e dos congregados, e de ajudar o Diretor no governo da Associação. Aproveitemos, portanto, destes Cursos para a formação dos nossos melhores congregados!


VI. O MÉTODO DESTA FORMAÇÃO 

A formação dos chefes terá dois graus. No livrinho: "Cavaleiros de Maria" só aprestamos a matéria para a formação do primeiro grau. Seguiremos o método seguinte. Pretendemos convidar os melhores congregados de 16 a 20 anos a frequentarem um Curso, no fim do qual, depois de um exame, receberão o diploma de chefe de primeiro grau. Ficarão assim habilitados a ajudar o Pe. Diretor na C. M.

O fim, pois, deste Curso é aperfeiçoar as boas disposições e, ao mesmo tempo, a capacidade técnica e organizadora dos congregados mais hábeis. Devem muito particularmente aprender a ensinar religião aos seus companheiros, seguindo os textos dos "Opúsculos de Formação" propostos pelo l.° Congresso Nacional dos Diretores das Federações.

Esta formação compreende três elementos:
O Curso,
A preparação do Exame final,
O próprio Exame.

No Curso procuraremos aumentar nos futuros chefes, por meio de um sistema de conferências e exercícios práticos, a vontade de serem congregados exemplares, esforçando-se seriamente por realizar, cada dia, o ideal do cavaleiro da Virgem Santíssima; procuraremos despertar neles o senso de responsabilidade no movimento das Congregações; queremos finalmente torná-los aptos a desempenhar as várias ocupações referentes à C. M. com iniciativa própria, prudência e habilidade, e sempre sob a obediente dependência do Pe. Diretor.
O Exame efetuar-se-á no mínimo três meses após o Curso. O examinando deverá manifestar, além de um sólido conhecimento da religião, uma real capacidade de técnica e de organização, bem como a formação religiosa total da sua personalidade.

Aos que forem aprovados, será conferido um diploma, assinado pelas Federações Diocesanas e Estaduais, e pelo Pe. Diretor da Confederação Nacional.

O opúsculo "Cavaleiros de Maria" é o "Manual" dos chefes, e para o exame final cada um deve ter assimilado o conteúdo deste livrinho. Ainda que a matéria seja apresentada numa forma clara, será talvez necessário explicar um ou outro trecho do livro, o que poderá fazer um congregado hábil durante o tempo da preparação para o Exame.


VII. OBSERVAÇÕES SOBRE O CURSO

Quem dará o Curso?

Naturalmente cada Diretor poderá dar este Curso de formação aos seus futuros chefes. Como, porém, os PP. Diretores estão geralmente sobrecarregados de serviço, não podendo assumir novos compromissos, os PP. Diretores das Federações se encarregarão desta tarefa, dando eles mesmos os Cursos ou indicando uma outra pessoa apta a fazê-lo. Deste modo poderão reunir-se várias CC. MM. num só Curso.

A organização do Curso

A DURAÇÃO
Depende ela naturalmente das condições locais. Podem-se distribuir as conferências e os exercícios práticos de modo que o Curso ocupe uma semana.
Onde for possível, será melhor organizar um Curso de 2 ou 3 dias inteiros. Nos casos em que os congregados não pudessem dispor do dia inteiro, pode-se fazer o Curso muito bem de noite, dando-lhe a duração que for necessária.

OS PARTICIPANTES
Não se deve convidar um número muito grande de congregados, visto que é necessário tratar com cada um individualmente. Os inscritos devem ter mais ou menos a mesma idade, instrução e condição social.

O LUGAR
Se possível, uma casa destinada a fins religiosos, como casa de Retiros, Convento, etc., situada em lugar um pouco recolhido.

OBJETOS A SEREM LEVADOS E PREPARADOS
Cada inscrito leve consigo o Missal, o Manual, o Terço e material para escrever. Os Diretores preparem uma boa coleção de cânticos e livros com narrações de casos interessantes e próprios para a leitura durante as refeições e convidem alguém que saiba tocar órgão.

O HORÁRIO
Procura-se que tudo se faça com empenho e num ritmo cheio de vida. Não se tolere que os congregados cheguem atrasados aos exercícios comuns; as ordens sejam breves e dadas uma só vez.

Quanto possível, tudo será feito pelos próprios congregados; p. e.: ler e servir à mesa; escolher as orações na Missa e Bênção, ajudar ao Padre, distribuir os livros de orações, indicar os lugares, preparar os cânticos, servir de sacristão, etc. Mudar frequentemente os encarregados para se conseguir que cada um se torne o mais ativo possível! Não há obrigação de silêncio, visto não se tratar de Exercícios espirituais; mas, em certas horas, p. ex. à noite, antes da Missa etc., o silêncio será expressamente exigido. Para a leitura à mesa escolha-se um livro interessante e instrutivo (p. ex. Weiser, "À luz das montanhas").

Os meios principais de formação são conferências e exercícios práticos. A respeito das conferências, deve-se evitar que os jovens mantenham somente uma atitude passiva; sejam feitas em forma dialogada; pois, é de grande importância que cada qual seja obrigado a colaborar no esforço comum.

Os exercícios não são de menor importância que as conferências. O Diretor do Curso trate cada ponto com cuidado e faça com que não seja sempre o mesmo congregado que execute os exercícios.


VIII. A INSTRUÇÃO INTRODUTÓRIA

Esta introdução deve, desde o princípio, criar a atmosfera conveniente; deve despertar uma alegre prontidão. Por isso, recomenda-se um tom entusiástico, juvenil. Todos devem estar convencidos de que nesse curso existe um programa fixo, sobre o qual não se discute, mas que deve ser realizado.

Eis os pensamentos principais:

I — A grandeza desta eleição.

Curso para formar chefes. Que significa isso?
Uma série de conferências, de exercícios, de praticas, —na solidão desta casa. Para que fim? Para fazer-vos mais dispostos e capazes de ser chefes na Congregação Mariana. Para tornar-vos verdadeiros auxiliares do Diretor, para fazer-vos dignos de ser os guias dos vossos companheiros e amoldar-vos para serdes congregados exemplares dos quais a Congregação estará certa de que se sentem responsáveis pelo seu andamento.
Para tal fim estais aqui reunidos.
Pensai em quem vos contempla nesta hora, no princípio deste curso. E si os que nos contemplam pudessem e quisessem falar, que diriam?

1. Contempla-vos Jesus Cristo. Está aqui presente no tabernáculo. Um dia, diz Ele, Eu chamei 12 homens, entre muitos e muitos outros, para que me seguissem de perto. Deveriam tornar-se os chefes, as colunas da Igreja. Eu os escolhi dentre o povo, e os formei em colóquios, exercícios práticos e múltiplas experiências. Não vos chamei, também a vós nos Retiros feitos juntamente com outros congregados?. ..

E hoje Eu vos chamo de novo para que aprofundeis, fortifiqueis e apliqueis tudo o que ouvistes durante os exercícios. Sim, Eu vos chamo; a mim é que deveis esta graça; e Eu, nesta solidão, sou igualmente a finalidade deste curso. Aproximai-vos pois mais de mim e conhecei-me melhor para que vos tomeis mais entusiastas no meu serviço e também apóstolos mais bem adestrados do meu Reino, na Congregação de minha Mãe Santíssima. Eis o que espero de vós.

2. Contempla-vos Maria, a Rainha dos Congregados, que vos diz: As vossas Congregações formam meu grande Exército. Que exército gigantesco, com mais de 6 milhões de soldados! Para essas tropas, eu preciso de oficiais. Os meus Diretores estão sobrecarregados de trabalho.
Preciso de homens de confiança, que os ajudem. Nas numerosas fileiras de meus filhos, há muitos que não são bem formados, que são superficiais, tíbios. Preciso de filhos instruídos e desinteressados que ensinem com a palavra e com o exemplo a verdadeira vida do congregado mariano. Nas paróquias ainda há muitos jovens, que estão afastados do meu Divino Filho. Preciso de apóstolos que os tragam e os conquistem para o seu Rei.
Deixai-vos formar; e sereis esses oficiais, chefes e apóstolos, eis o que eu de vos espero.

3. Contempla-vos de longe vosso Diretor, que aqui vos mandou. Ele vos diz: Aproveitai bem deste curso. Ficai sabendo que vossa Congregação não poderá florescer si os seus próprios congregados não forem ativos, de boa vontade, zelosos e me auxiliarem na direção. Conheço vossa boa vontade.
Deixai-vos modelar e formar para serdes bons chefes. Voltai, com entusiasmo maior para poder inflamar os vossos colegas, com zelo apostólico, para conquistar os tíbios e arredios, com maior aptidão, para organizar as reuniões, grupos e seções e também com humildade e modéstia, com prontidão em servir à causa de vossa Mãe do céu. — Eis o que eu de vossa parte espero.

4. Contempla-vos a Santa Igreja, nesta hora, e vos diz: Nestes dias abrir-vos-ei, de novo, 06 tesouros das graças e dons espirituais. Apresentar-vos-ei o vosso Rei e Supremo Chefe Jesus Cristo, e ensinar-vos-ei, a maravilhosa doutrina do Mestre divino. Sabeis, na verdade, apreciar esta graça?
No interior do vosso país não vivem milhares de almas, que raramente recebem a visita do Sacerdote — que poucas ocasiões tem de se confessar e comungar e ouvem poucas e raras lições de catecismo ?
O mesmo acontece nas vastas regiões das Missões católicas. Há milhares de pessoas que apenas conhecem a Jesus...
Como seriam felizes muitos deles si tivessem uma pequena parte das graças que copiosamente vos são oferecidas!
Na Rússia, os inimigos de Deus levantaram Universidades de ateísmo! Há nações em que batalhões de propagandistas do paganismo vêm sendo formados para combater a Jesus e a sua doutrina.
Podemos nós tolerar sermos vencidos pelo zelo dos inimigos?
Não ...
Não, nós também organizamos Cursos especiais, mas, para defender a verdadeira Fé, e também nós formamos propagandistas, mas para Cristo e sua doutrina.
E onde se encontram estes Cursos e estes apóstolos de Jesus?
— Aqui mesmo.
Compreendeis, pois a confiança posta em vós!
A Igreja Católica conta convosco nesta hora.

II — Técnica do curso

Trata-se dum curso de formação! Por isso todos devem ser ativos! A isto se destinam os exercícios práticos, em que cada qual se esforça por aumentar suas aptidões, e desenvolver suas forças.
Dois princípios gerais:

a) Tudo quanto for possível, fazei-o vós mesmos. Não vos deixeis servir pelos outros. Aproveitemos tudo para nos experimentar, para nos exercitar, para desenvolver o espírito de prontidão e adquirir o hábito de obsequiar com humildade o próximo. Assim, convém aos cavaleiros da "Ancilla Domini". No agir c que se conhece o caráter.

b) Nos pequenos ofícios mudar-se-ão continuamente os encarregados. Seremos engenhosos em criar pequenos cargos c procuremos incumbir cada congregado de muitos c variados serviços. Isto permitirá o conhecimento das próprias forças e fraquezas e desenvolverá o espírito de prontidão para tudo.

III — Vossa atitude

GRATOS
Sede portanto, gratos pelo benefício que vós é oferecido. Quantos benefícios nos proporciona a Congregação Mariana, a nós em quanto somos simples membros dela! Eis um novo beneficio!

Estimemos esta graça! Façamos com magnanimidade os sacrifícios exigidos por este curso. Quanto dinheiro gasta um jovem, quanto tempo, anos e anos, — para adiantar um pouco na sua profissão de comerciante, professor, aprendiz, para falar uma língua estrangeira... E aqui, na formação dos chefes, trata-se duma tarefa, muito mais importante! Trata-se de compreender mais profundamente nosso Rei divino, e conseguir maiores aptidões para difundir o seu Reino e conquistar-Lhe o mundo.

O próprio Sumo Pontífice Pio XII agradece ter sido membro de uma Congregação Mariana. No autógrafo escrito sob o seu retrato e enviado ao Secretariado Geral das CC. MM---- e a todas as Congregações a ele agregadas liam-se as palavras seguintes: "Concedemos a Bênção Apostólica... felizes de encontrar em Nossa recordação de antigo congregado especiais motivos de reconhecimento para com Maria Santíssima".

Quando ainda Bispo de Lourdes, o atual Cardial Gerlier, arcebispo de Lion, declarava que devia à Congregação Mariana a sua vocação sacerdotal e, portanto, também a episcopal. E quantos poderão falar da mesma maneira! Na Alemanha um Deputado, no dia de seu jubileu, dizia: "Se cheguei a ser deputado, devo-o em primeiro lugar à C. Mm pois foi aí que, na qualidade de Presidente, aprendi a falar em público". E quantos outros, como soldados, desenvolveram um magnífico apostolado durante as últimas guerras devido às práticas que a
C. M. lhes ensinou!

COM PUREZA DE INTENÇÃO
Não se trata aqui de um Curso profano, de um torneio esportivo, ou coisa semelhante. Por isto excluamos toda a ambição puramente natural e egoística, todo o propósito exibicionista, toda a tendência de obter sucesso exterior. Façamos o possível para desenvolver os dons naturais concedidos por Deus, mas não desviemos os olhos de Deus. Ponhamos os dons naturais a seu serviço e não da nossa vontade.

Alegremo-nos se por acaso houver companheiros que sabem fazer melhor uso da palavra; que leem, cantam, conversam melhor do que nós. Imitemo-los, aprendamos com eles, procuremos desenvolver essas faculdades, mas sem inveja e segundo o espírito de batalhadores, que lutam pela causa comum.

No caso em que alguém, por deficiência de qualidades naturais (do que Deus é o único responsável), apesar de seus esforços não chegasse a passar no exame final, — não julgue ter perdido o tempo. Poderá certamente, e melhor que antes, servir a Nosso Rei e á nossa Mãe Celeste. As vantagens deste curso não consistem principalmente em passarmos no Exame, mas em termos compreendido melhor a Jesus Cristo e capacitado das inúmeras possibilidades de servi-lo.

DISCIPLINADOS
Não nos reunimos para discutir, mas para formar-nos. Aqui há um sistema e um programa fixo; deve ser realizado! Não deseja a C. M. ser uma tropa de assalto? Uma tropa de elite no exército do nosso divino Rei? Mas, em que parte do mundo existirá uma tropa de élite sem rígida disciplina?

Deveis, na C. M. obedecer a vossos diretores; todos vós, por vossa parte, exigireis, no âmbito do próprio cargo obediência dos congregados. A C. M. é baseada sobre o princípio da autoridade. Obedecei pois também vós, aqui neste curso. Obedecei como quereis que os outros vos obedeçam; com prontidão, alegria, lealdade e sinceridade. Ainda que não sejam vistos, todos se esforçarão por cumprir o que prescreve o horário. Aquele que se desviasse desta atitude, evidentemente seria, sem mais, eliminado deste curso. E a razão é que não poderá exigir dos demais uma disciplina, que ele próprio não possui.

Este deve ser um curso-modelo, exemplar. Ordinariamente os congregados se assinalam pela sua solidez, piedade, disciplina em todos os cursos, p. edos exercidos. Provai que vós sois os melhores congregados, a elite da elite!


IX. A BÊNÇÃO NA VÉSPERA DO CURSO

Recomendamos que nesta ocasião o Diretor do Curso, se for Sacerdote, recite uma oração que verse sobre os seguintes pensamentos:

ATO DE ADORAÇÃO
"Nosso Divino Rei! Nós vos adoramos e vos oferecemos nossa humilde homenagem. Estamos convencidos do que nos dizeis pela S. Igreja, que estais aqui presente com Vosso corpo... e que vedes a cada um de nós. Tributamo-vos nossa homenagem em união com todos os Santos, Anjos... especialmente com a grande homenagem que Vos oferece a Vossa Mãe Santíssima, e a Vossa Santa Igreja, por quem os sacerdotes Vos louvam no Ofício Divino, que Vos exalta nos seus cantos e nas suas preces, cujos filhos Vos louvam na sua vida e muitos, ainda na sua morte...

ATO DE OFERTA DE SI MESMOS
Nos reunimos neste curso para Vos conhecer melhor e mais intensamente Vos amar. Tudo o que meditarmos, discutirmos e aprovarmos não tem outro objeto senão Vós, Vosso louvor, Vosso Reino. A esta tarefa queremos dedicar todo o nosso entusiasmo juvenil, observando com fidelidade o programa que nos propõe a Congregação de Vossa Mãe Santíssima: santificação própria e apostolado. Aceitai esta nossa oferta e abençoai-a.

ORAÇÃO A MARIA
Vos saudamos, Mãe Santíssima, Rainha da Nossa Congregação. Consagramo-nos a Vós por toda a vida. Vos sabeis quanto prometemos a Vosso Divino Filho. Mas conhecei a nossa fraqueza... Vós, que sois a poderosa Medianeira de todas as graças, vos rogamos, nos alcanceis as abundantes graças de que necessitamos para realizar nossos propósitos. Fazei com que estes dias sejam dias cheios de graças e de progresso espiritual. . .

Ave Maria... pelo êxito do curso...
Ave Maria... por nossa Congregação Mariana...
Ave Maria... pelos membros das CC.MM. no mundo inteiro...



X. AS CONFERÊNCIAS

Em lugar de verdadeiras "Conferências" recomendamos palestras em forma de discussão. O Diretor formulará perguntas para conseguir a colaboração interessada de todos. Para isto muito contribuirá o livrinho "Cavaleiros de Maria", que todos devem ter a mão e que contém compendiada toda a matéria exigida no Exame final, na qual é incluída também a parte teórica (II. Parte).
Se for necessário, o que depende naturalmente da cultura e capacidade dos moços, explique o Diretor o texto do livro "Cavaleiros de Maria". Em todo caso porém não deixe de tratar em animados debates os seguintes temas.


 1ª PALESTRA

Porque temos confiança no movimento mariano? 1ª Parte: Motivos externos

Ouve-se de vez em quando falar que as Congregações Marianas não são apropriadas aos tempos modernos. É natural tal objeção contra uma organização que conta 450 anos de existência. — como responder ? Quais são os motivos da nossa confiança nas CC. MM. apesar da sua idade secular? — Apontamos nesta Palestra alguns motivos
externos.

I. Porque as CC. MM. representam um movimento mundial.

Quantas CC. contamos no mundo inteiro?
Até lº de Janeiro de 1941 foram agregadas à Prima Primária de Roma mais de 68.000 CC.

Quantos membros ao todo?
Mais ou menos 7 Milhões.

Onde são difundidas as CC. MM.?
Em todos os países, onde há vida católica florescente e, além disso, em muitas Missões. Encontram-se CC. MM. não só na Europa, mas também no Alasca, Estados Unidos, México, Cuba, em toda a América Meridional, Egito, África do Sul, Madagascar, Austrália, até nas longínquas Ilhas de Oceania (Marshall e Carolinas), nas índias, Java, Filipinas, China. Japão.
Nos Estados Unidos Federações Marianas já passam de 90, com mais de 1.000.000 de membros. A revista das CC. MM. "Queen's Work" conta 90.000 assinaturas.

Quantas CC. MM. há no Brasil? 
Mais ou menos 2.000, reunidas em 37 Federações com mais de 100.000 membros.

Qual é o aumento anual das CC. MM.?
— Em média 1.000. Nos últimos 10 anos houve um aumento de 11.257 CC., das quais 5.000 nas duas Américas. No ano de 1940 apesar da guerra foram agregadas cerca de 900 CC., pertencentes a 37 países. Cada ano são portanto 1.000 sacerdotes de regiões diversíssimas que pedem a fundação e agregação de novas Congregações.

II. Porque o Sumo Pontífice as estima
Sem mencionar aqui as inumáveis recomendações e elogios outorgados pelos Sumos Pontífices às Congregações durante seus 4 séculos de existência, citamos apenas as palavras do atual Papa Pio XII com respeito ao Marianismo.

Ainda antes da sua elevação a Vigário de Cristo, o Cardeal Pacelli, durante suas férias na Suíça, visitou uma assembléia de congregadas marianas e lhes dirigiu estas incisivas palavras: "Séria é a obrigação que a Divina Providência nestes tempos sérios colocou sobre os vossos ombros: Ação Católica segundo o espírito da Santíssima Virgem Maria 1 Soj^ chamadas a abrir novos caminhos no campo do futuro e a preparar para a Verdade Divina uma abundante colheita."

No mês de Maio de 1939 em uma audiência pública concedida a mais de 5.000 peregrinos, Sua Santidade dirigiu a palavra a um grupo de 500 eslovenos, entre os quais muitos congregados e entre outras coisas lhes disse:

"Foi para o Papa um motivo de grande consolação e conforto saber quanto é florescente a vida religiosa destes caros Fiéis e como se esforçam para torná-la sempre mais intensa pela devoção ao S. Coração de Jesus, pelas Congregações Marianas e pela Ação Católica."

Em Novembro do mesmo ano, numa Encíclica, promulgada na ocasião do primeiro centenário do Episcopado dos Estados Unidos da América do Norte, o Papa elogiou a par da Ação Católica, e da Irmandade da Doutrina Cristã especialmente as Congregações Marianas por terem "conquistado louros de glória imperecível pelas suas frutuosas atividades..."

No ano de 1940 o Santo Padre enviou ao Secretariado Geral das CC. MM. em Roma o seguinte autógrafo escrito sob o próprio retrato:

"Ao Secretariado Geral das Congregações Marianas, aos seus colaboradores, a todas as Congregações que dele dependem, damos de todo coração a Bênção Apostólica, felizes por achar nas Nossas lembranças de antigo congregado os mais consoladores motivos de gratidão para com o Senhor e sua Mãe Celeste. — Vaticano, 7 de Abril de 1940. Pius P P . XII".

Três meses mais tarde na Carta Apostólica endereçada ao Revmo. Pe. Geral da Companhia de Jesus, por ocasião do Quarto Centenário da mesma Companhia, o Papa escreveu estas animadoras palavras sobre as Congregações Marianas:

POR DIANTE ESTES SANTÍSSIMOS EMPREENDIMENTOS, com a vossa costumada alacridade; mas não descanseis à sombra dos louros colhidos; pois ainda há muito por fazer."

III. Porque os Bispos as recomendam
Quase inumeráveis são as declarações com que os Bispos, em todo mundo, frisam a importância e elogiam as atividades magníficas das CC. MM. Na revista internacional "Acies Ordinata", publicada pelo Secretariado Geral das CC.MM. em Roma, poder-se-iam ler quase em cada número séries de tais recomendações.

A atitude dos Exmos. Bispos do BRASIL é conhecida. Basta citar o discurso do Exmo. Arcebispo do Maranhão, orador oficial do Concilio Nacional; os diversos discursos do Exmo. Sr. Cardial D. Sebastião Leme; o desejo expresso pelo Exmo. Arcebispo de São Paulo num discurso proferido a 26 de Janeiro de 1941, de fundar em cada paróquia da sua Arquidiocese uma C. M., e, por fim, o Decreto do Exmo. Arcebispo de Olinda-Recife, estabelecendo a fundação da Federação Estadual das CC. MM. de Pernambuco, no Dia mundial do Congregado de 1941.

IV. Pelas grandiosas obras das CC.MM.

a. No passado
Foi a voz autorizada do falecido Papa Pio XI que comparou a marcha das CC. MM. através da história, com a Via Láctea que brilha no firmamento.

Para a Europa as CC. MM. foram duma importância capital.
Pois, quando o Pe. Leunis reuniu os seus primeiros marianos no Colégio Romano, diante duma imagem de Maria Santíssima, um grandíssimo perigo ameaçava a religião na Europa Central: a assim chamada "Reforma". E foram as CC.MM. que opuseram fortes diques contra a heresia nascente. Os grandes apóstolos da Contra-Reforma: São Pedro Canísio, Padre Costero, São Carlos Borromeu, etc. fundaram e fomentaram em todas as regiões estes sodalícios marianos. Um Bispo de Flandres, Lindanus, declarou que só seria debelado o perigo da apostasia, quando em toda a parte fossem fundadas Congregações Marianas. O Núncio Apostólico Portia distribuiu, um dia, em Colonia, a mais de 200 moços a S. Comunhão. Surpreso perguntou quem eram aqueles jovens. Responderam-lhe: São congregados marianos. O Núncio escreveu então e enviou a Roma um esplêndido relatório, e, depois de algum tempo, pediu ser admitido na C.M.

Vastas regiões da Europa foram preservadas da infeção luterana graças às Congregações de Nossa Senhora; p. e. Silésia, Lorena, toda a Hungria etc. Seria longa a descrição da poderosa influência da C. M. dos Homens em Paris, fundada pelo Pe. Leunis, e das numerosíssimas Congregações da França até nosso século.

No Japão, onde já em 1595 encontramos uma C. M., durante a perseguição do começo do século XVII os congregados portaram-se como heróis, substituindo os Padres deportados ou aprisionados, organizando, às escondidas, reuniões dos Fiéis com orações e leitura espiritual em comum. — As CC. MM. da América Latina (já 1583 encontramos uma em Puebla — México, e em 1609 no Chile) contribuíram muito para a cristianização dos índios c para a consolidação da vida católica.

Para justificar o valor das CC. MM. como escolas de santidade, basta dizer que 31 Santos canonizados e 50 beatos saíram das suas fileiras, entre os quais vários fundadores de famílias religiosas.

No campo do apostolado não há quase nenhum setor, que não tenha sido cultivado pelos congregados, como vocações sacerdotais, catecismos para crianças e camponeses, assistência aos pobres, aos enfermos, aos presos, difusão da boa imprensa, auxilio nas paróquias etc.

Desde o século X V III surgem em muitíssimas cidades da Europa numerosas CC. MM. para as diversas classes: para estudantes, operários, soldados, comerciantes, camponeses, empregados, sacerdotes etc. e é por estes grupos sociais que a C. M. exerce grande influência na vida pública."

O Papa Bento X IV reconhece estas atividades com a concessão da famosa Bula áurea: "Gloriosae Dominae" em 1748.

b. Hoje
Enumeremos alguns exemplos desta atividade:
Na santificação própria:

RETIROS especialmente os de Carnaval no Brasil com número crescente de participantes; em 1941;

COMUNHÃO FREQUENTE: a maioria dos congregados marianos comunga todo domingo, muitos também durante a semana.

ADORAÇÃO DO SS. SACRAMENTO
Hora Santa, etc.: promovidas pela» CC.MM. em muitos países.

VOCAÇÕES SACERDOTAIS E RELIGIOSAS
saem numerosíssimas das CC.MM.

TRÍDUOS DE MISSAS E S. COMUNHÕES
na intenção do S. Padre em preparação à Festa da Imaculada Conceição; as CC.MM. dos Estados Unidos marcaram no ano 1939: 646. 227 Missas e 580.138 Comunhões; em 1940: 797.458 Missas e 767.947 Comunhões.

TERÇO
recitação diária é uso quase geral dos congregados; o Ofício da Santíssima Virgem canta-se praticamente em todas as CC.MM. juvenis.

No apostolado:

CATECISMOS
Obra das mais comuns nas CC.MM. Especialmente em Barcelona com mais de 3.000 crianças, e em Bilbao com 2.000. No México ensinam 109 Congregados todos os domingos em 41 centros, etc.

AUXÍLIO A CLASSE OPERÁRIA
Muitíssimas escolas noturnas, Caixas rurais etc. (Barcelona tem 7 Centros destinados à assistência dos operários e dos filhos deles, com 30 congregados cada um. Na Bahia o moderníssimo "Círculo operário" é obra da C. M., em Natal a Caixa Rural etc.).

PÁSCOA DAS DIVERSAS CLASSES SOCIAIS
Especialmente na Itália, no Brasil etc.

ASSISTÊNCIA AOS MENINOS ABANDONADOS
Por exemplo, na Argentina, Chile, Irlanda.

CONQUISTA DOS INTELECTUAIS
p. e. Recife, Zagreb, Habana, Porto Alegre, etc.

COLABORAÇÃO NAS CONFERÊNCIAS DE S. VICENTE
Milhares destas Conferências são conexas com as CC. MM.

PROPAGANDA E AUXILIO ÀS MISSÕES: Coletas, correspondência, revistas, vocações, bolsas de estudantes etc. em toda parte.

FORMAÇÃO PARA O APOSTOLADO
Em grandes proporções nos Estados Unidos, onde as CC. MM.
reúnem cada ano milhares de sacerdotes e leigos no "Cursos de Férias da Ação Católica".

COLABORAÇÃO NAS INICIATIVAS E ORGANIZAÇÕES DA AÇÃO CATÓLICA
Em toda a parte grande porcentagem dos membros da Ação Católica
e muitíssimos dirigentes são congregados.

CONQUISTA DOS ESTUDANTES
Muito comum em todos os países, especialmente em Hungria, Estados Unidos, Itália, Espanha, em diversas cidades do Brasil, Canadá etc.

LUTA CONTRA OS COMUNISTAS
Os congregados assinalaram-se nesta luta em muitas ocasiões, p. e. no Brasil, no México, na Espanha; muitos mártires marianos.


2ª Palestra

Porque temos confiança no movimento mariano? 2ª Parte: Motivos internos.

Quais as razões internas por que as Congregações Marianas gozam da estima das autoridades eclesiásticas? Como se explica a fertilidade de suas atividades? — Com uma palavra: Pelo espírito da C. M. — Este espírito é caracterizado por três fatores que são hoje de grande importância: A preponderância do elemento religioso, a devoção mariana e a dedicação total à Igreja. A preponderância do elemento religioso.

Basta um olhar nas regras da C. M. para compreender a posição central que nela ocupa a vida religiosa e isso preserva a C. M. de vários perigos:

Do perigo da exteriorização

É experiência geral que as organizações da juventude facilmente sucumbem a este perigo.

Porque?
As atividades recreativas, como esporte, jogos, teatro, música etc., naturalmente têm maior fôrça atrativa, do que as sérias. Aquelas facilmente tornam-se fins em vez de meios.

A C. M. é preservada deste perigo pelo seu caráter rigorosamente religioso. Segundo as regras é a formação religiosa que está no centro da vida mariana. Comunhão frequente, estudo da doutrina cristã, prática das virtudes, aperfeiçoamento do próprio caráter, eis as primeiras preocupações de cada C. M.

A posição decisiva do Padre na C. M. serve igualmente para assegurar esta orientação e cortar imediatamente todo abuso que se possa introduzir. Ainda que a C. M. não condene as atividades recreativas, especialmente quando se trata duma associação juvenil, conserva-se contudo de sobreaviso contra qualquer exagero neste sentido.

Pode-se manifestar também idêntico perigo no campo do apostolado? Certamente, se o apostolado é concebido duma maneira superficial, como atividade puramente organizadora e técnica, e se esta atividade absorve praticamente todas as forças e todo o tempo.

Em que sentido preserva a C. M. deste perigo?
Obrigando os membros em primeiro lugar, aos exercícios de piedade, à frequência dos Sacramentos etc., assegurando assim a fonte da qual emana todo apostolado: a santificação própria-

Do perigo do indiferentismo

Encontra-se este perigo aqui no Brasil? 
Sem dúvida, e é mesmo muito grande. Não conhecendo a luta pela fé, muitos são católicos por tradição, creem, mas não cumprem os deveres religiosos; têm a Fé, mas não vivem segundo a Fé. Caso sobrevenha uma provação (doença, oração aparentemente não atendida, desemprego etc.), perde-se facilmente a Fé. Segundo as magníficas palavras do Exmo. Arcebispo de Recife, expressas no Decreto de fundação da Federação inter diocesana das CC. MM. de Pernambuco, as CC. MM. vão "por um dique a essa onda de indiferentismo religioso que grassa implacável por toda a parte".

São de fato as CC. MM., chamadas a cumprir este papel?
São, porque educam os moços para uma vida fervorosa, cristã, insistindo não só no cumprimento dos deveres religiosos, mas também entusiasmando-os pela figura sobre-humana de nosso Rei Jesus Cristo, e colocando-os sob a proteção materna de Maria, Medianeira de todas as graças.

Do perigo da ignorância religiosa

Parece supérfluo provar a existência deste perigo. Até homens bens instruídos nas disciplinas Profanas, manifestam muitas vezes uma ignorância espantosa das questões religiosas. Nas instruções espirituais, nas alocuções do Padre, nos círculos de estudo etc., os congregados aprofundam-se nos conhecimentos da Fé, adquirem uma viva convicção das verdades da nossa Religião, e tornam-se capazes de refutar as objeções contra a Fé. Além disso, os marianos colaboram, em tôda a parte, no ensino do catecismo ás crianças e nas escolas. Assim as CC. MM. são, na realidade, como diz o Exmo. Sr. Arcebispo de Recife no Decreto citado "um baluarte promissor contra o paganismo hodierno de nossa sociedade".

II. A devoção mariana

Para que época da vida a devoção mariana é de maior valor? — Porquê para a juventude? — A devoção a Maria proporciona especiais auxílios nas lutas pela virtude da pureza. —Em que sentido? — Maria como Mãe inspira confiança ao jovem; ela o compreende, e por êle se preocupa. Nos graves e insistentes combates contra as paixões baixas, em que o jovem reconhece sua indigência, êle precisa dum refúgio e conforto especiais e os encontra em Maria. — Maria como Guia. Ela é o ideal mais sublime da pureza. (Imaculada; isenta de todo Pecado; virgindade perpétua). No tempo da juventude é de maior importância que o jovem veja na pureza do coração o seu verdadeiro ideal; é preciso manter a disciplina interior, aumentar a sensibilidade moral, tornar-se, cada vez mais, cavalheiresco c respeitoso para com o outro sexo. Ora, quem melhor que Maria Santíssima, Mãe e Virgem, pode engnwr isso ao jovem ? Que grande graça é portanto ptn. o moço, aprender na Congregação a venerar a Rainha do Céu não somente com diversas pratica* de piedade, p. ex. terço, ofício etc., mas consagrandose para sempre a Maria, i. é. pôndo tôda a sua vã!a sob a proteção e direção particular da Mãe frieste No Brasil temos motivos especiais para julgar muito conveniente a intensa devoção mariana da Congregação. Pois, esta devoção corresponde ao caráter do povo que tem uma inclinação quasi natural a esta devoção. O Brasil é tradicionalmente o país de Nossa Senhora. O povo desta terra- tem uma confiança inexaurível em Maria, recorrendo a Ela em tôdas as suas aflições. O povo brasileiro alegra-se em homenagear a Nossa Senhora e sente uma necessidade interior e espontânea, de deixar-se conduzir por Maria no caminho que o leva a Cristo.

III. A dedicação total à Igreja

Hoje em dia, a Igreja de Cristo é hostilizada sistematicamente com veemência e astúcia, como raras vezes na sua história. Importantíssimo, pois, que os fiéis se reúnam em torno dela, combatendo pela sua liberdade e formando um como baluarte contra os inimigos.

Outra consideração:
Que é a secularização, tão lamentada pelos Sumos Pontífices? 
É a vida, sobretudo a vida publica divorciada da religião, não seguindo mais os princípios cristãos.

Como reage a Igreja?
O apelo dos últimos sumos Pontífices para recristianizar o mundo, o apelo à Ação Católica.

Ora, será possível que os sacerdotes sozinhos resolvam este problema?
Certamente não. A Igreja precisa da colaboração responsável e ativa dos leigos; destes leigos que, animados de profunda confiança na sublime missão da Igreja, pensam c sentem como éla, daqueles que fazem seus os grandes objetivos dela, e mostram aos companheiros o caminho da Igreja.

Ora, não e este o espírito, que encontramos na Congregação Mariana? 
A C. M. inculca aos seus membros a mais profunda confiança na Igreja. Exige que todos, congregados e chefes, demonstrem respeito e obediência ao sacerdote. É o Sacerdote que, como, sabemos, goza de plenos poderes no governo da C. M. e está revestido da suprema autoridade. Bem que os chefes leigos participem do governo da C. M. (regra 18), sua jurisdição é totalmente derivada e dependente da autoridade do Padre, e também eles são obrigados a obedecer ao Sacerdote. Não há dúvida: a C. M. é tão intimamente conexa com a Igreja como mais não pode ser uma Associação.

A C. M. induz seus membros a pensar e sentir com a Igreja. Temos uma regra especial sobre este ponto, (Regra 33). Na sua concepção ascética, a C. M. evita qualquer unilateralidade, aplicando todos os meios aprovados pela Igreja. Em primeiro lugar a assistência ao S. Sacrifício da Missa, a Comunhão frequente, a prática das virtudes, o exame particular, os retiros espirituais etc. Todas as regras respiram, por assim dizer, este espírito genuinamente católico.

Fim da C. M. é a conversão e o aperfeiçoamento do próximo e a defesa da Igreja contra os ataques da impiedade (regra 1.). Eis o sentido do apostolado na C. M. — estar à disposição da Igreja, fazer seus os interesses dela, ajudar aos Padres, seguir as diretrizes dos Bispos, acomodar-se completamente às necessidades do país, da diocese, da paróquia. Eis a razão da autonomia da C. M. e da sua universal dependência da Hierarquia eclesiástica.

O Santo Padre espera de nós, que sejamos "Exércitos com os quais a Igreja de Cristo possa sempre contar" (Carta Apostólica no Centenário da Companhia de Jesus).



3.ª PALESTRA

O fundamento de toda atividade

O que é mais importante: um chefe ser competente tecnicamente, — bom orador, bom organizador, etc. — ou um chefe com profunda formação religiosa? — São então supérfluos os dons da palavra, a capacidade de organização, a liderança sobre os outros? — Não, mas só têm valor se acompanhados do bom exemplo do chefe. Qual é, portanto, o tipo ideal de "chefe"? Aquele que reúne em si ambos os atributos: um homem profundamente religioso, que impressiona os companheiros com seu exemplo e, ao mesmo tempo, com seus métodos e sua técnica de organização. Uma síntese de vida interior e qualidades externas.

I. Caráter religioso do apostolado. 

Por que assim? Qual é a essência do apostolado? — Eis várias expressões conhecidas: Dar testemunho público de Jesus Cristo; colaborar na grande Missão do Salvador e dos Apóstolos; conduzir os homens a Cristo; recristianizar o mundo, etc. — Uma coisa é certa: o apostolado é uma questão essencialmente religiosa e não, em primeiro lugar, um problema de técnica e organização. Nosso Senhor Jesus Cristo, como descreveu o papel dos apóstolos? "Recebereis a virtude do Espírito Santo e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia, em Samaria e até os confins da terra" (Atos 1,8). "Ide, pois, ensinai todas as nações, batizando-as... e ensinando-as a observar tudo o que eu vos prescrevi" (Mateus 28,19-20). "Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo" (Mateus 5,13-14). "Segui-me e vos farei pescadores de homens" (Mateus 4,19). "Segue-me e deixa os mortos sepultar os seus mortos" (Mateus 8,22). "Escolheu doze para que fossem seus companheiros e aos quais pudesse enviar a pregar..." (Marcos 3,14). "Não queirais ser chamados mestres, porque um só é o vosso mestre, e todos vós sois irmãos... Quem for o maior entre vós, seja o servo dos outros" (Mateus 23,8-11). "A vós é dado compreender os mistérios do Reino de Deus..." (Lucas 8,10). "Depois de cumprirdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos apenas o que era nossa obrigação" (Lucas 17,10). E, sobretudo, veja-se a instrução aos discípulos citada no Evangelho de São Mateus, capítulo 10; onde Jesus incita à renúncia às comodidades, triunfos, e privilégios, e pratica e sacrifícios, confiança nas provações, perseverança, confiança corajosa e fé diante das dificuldades dos homens, etc.

Todos estes textos da Sagrada Escritura revelam o que Jesus pensa sobre o apostolado e o que Ele exige dos seus apóstolos. A ideia fundamental de Jesus sobre o apostolado é clara: União mais íntima com Ele! Segui-lo, depositar toda a confiança Nele, pregar sua Verdade e seus mandamentos, imitar sua humildade, dar testemunho público Dele, até sofrer perseguições como Ele sofreu e, finalmente, reinar e triunfar com Ele no seu Reino eterno. O apostolado é totalmente orientado para Ele como centro; não é outra coisa senão a imitação, a prolongação do seu apostolado. A quem compete esta missão em sentido pleno? — Aos sucessores dos Apóstolos, os Bispos e, naturalmente, também os sacerdotes. Qual é a relação do chefe leigo com os Bispos e sacerdotes? — Ele é chamado para colaborar com eles no apostolado. Segue-se, portanto, que o chefe leigo deve se convencer que a ele cabe realizar, em sentido analógico, as diretrizes de Nosso Senhor sobre o apostolado. Não existe na Igreja nem apostolado nem autoridade que não seja participação de Jesus e irradiação de suas qualidades. Pois o chefe supremo é Jesus e o chefe leigo é chefe na medida em que participa Dele, pregando-o com a palavra e a vida.

II. União com Cristo. 

Quais são as consequências dessas verdades? Devemos fazer tudo para intensificar nossa união com Nosso Senhor. E em que consiste concretamente essa união com Cristo? União com Jesus Cristo pela graça divina. Esta é a mais importante. Ele é a videira, nós somos os ramos. E quais são os canais condutores dessa vida? Os Sacramentos e a oração. Podem, pois, ser escolhidos para o cargo de "chefes" congregados que comungam raramente, sendo por outro lado bons oradores e organizadores? — Como chegamos a uma vida intensa de oração? Com exercício, com a prática consciente das orações cotidianas, com a participação inteligente no Sacrifício da Missa, com a realização das sugestões fornecidas neste sentido pelas alocuções do Padre Diretor, as reuniões, os "Opúsculos de formação", etc. Principalmente, o chefe deve lutar para vencer a rotina e o mecanismo na vida de oração.

União com Cristo pela imitação de seu exemplo. Na personalidade do chefe leigo devem relampejar alguns reflexos das sublimes virtudes e atitudes de Jesus: sua humildade, pureza, zelo, desinteresse, prontidão em servir, bondade, espírito de sacrifício. Portanto, somente os congregados que se esforçam pela formação do seu caráter, por viver o ideal cristão, serão aptos a desempenhar um cargo de responsabilidade na Congregação Mariana.

Acrescentemos outro motivo: a eficácia do nosso trabalho. Muitos homens observam a vida dos católicos fervorosos para ter o que criticar. Não se contentam com ouvir palavras, mas querem ver fatos. Ai de nós, se nossa vida não estiver em harmonia com nossa doutrina! Quantas vezes os comunistas e outros inimigos da Igreja nos fazem esta objeção! E muitos procuram justificar sua hostilidade contra a Igreja precisamente com a afirmação de que os próprios arautos do Evangelho não realizam o que pregam aos outros.

União com Cristo por meio do conhecimento da sua personalidade. Como chegar a um conhecimento profundo da sublime figura do nosso Rei Jesus Cristo? — Pela leitura da Sagrada Escritura e por toda leitura espiritual. Precisamos de "chefes" integralmente "cristocêntricos", entusiastas pelo Chefe supremo e dedicados a Ele sem reserva. Quem nos dá a este propósito um exemplo magnífico? — Antes de tudo a Santíssima Virgem e os Apóstolos. Maria não é, porventura, o ideal da dedicação a Cristo? Todos os seus pensamentos, todas as suas ações, todos os seus sofrimentos gravitam em torno de seu divino Filho. Jamais houve pessoa mais "cristocêntrica" do que Maria. Por isso, Ela é o modelo de todos os cristãos.

E a que se compromete o congregado consagrando-se a Maria? A orientar a vida pela estrela do seu exemplo, a imitar suas virtudes e sentimentos. Ora, qual é a atitude mais característica da Santíssima Virgem? É a entrega total a Cristo. Em que sentido os Apóstolos são modelos da atitude "cristocêntrica"? Vivendo sempre ao lado de Nosso Senhor, convenceram-se de sua divindade, observaram o sublime exemplo de suas virtudes, penetraram cada vez mais seus sentimentos e fizeram-no centro vital de toda a sua existência. Como podemos imitá-los? Lendo e meditando o que os Evangelistas nos deixaram sobre a vida de Jesus e os sentimentos do seu Coração. — Será, pois, demais exigir dos chefes a leitura da Sagrada Escritura? Por meio de oração, leitura e meditação, o chefe deve penetrar a pessoa de Jesus Cristo de tal maneira que Ele se torne cada vez mais o ideal a imitar, com o auxílio e sob a direção de sua Mãe celeste. Ninguém deverá jamais vencer-nos no entusiasmo por Nosso Senhor.

Assim, temos caracterizado o fundamento sobre o qual deve ser construída toda atividade dos chefes: a personalidade profundamente cristã! Uma vez firmado este fundamento, teremos que aumentar a eficácia do nosso apostolado também pela aplicação e aperfeiçoamento das qualidades técnicas e organizadoras. Enumeremos algumas: ser bom orador, saber organizar, ensinar o catecismo de maneira atraente, explicar os "Opúsculos de formação", dirigir círculos de estudo, conquistar camaradas, ajudar na organização das iniciativas da Congregação Mariana, etc.



4ª PALESTRA:

As atitudes do chefe para com o Pe. Diretor e os congregados

I. Atitudes para com o Pe. Diretor

Quais são os defeitos que podem surgir nas relações do chefe com o Padre?

Alguns defeitos são: demasiada independência, atitude de crítica, falta de reverência e respeito, e desobediência. Por outro lado, também podem ocorrer demasiada passividade, falta de prontidão para ajudar, falta de iniciativa e responsabilidade.

Resumindo, há dois extremos: ativismo exagerado ou falta de atividade. O modelo de chefe ideal é aquele que equilibra iniciativa e obediência, atividade e docilidade modesta.

1. Com respeito à obediência

Por quê?

  • As regras falam de forma inequívoca sobre a obediência (ler as regras dos "oficiais maiores").
  • A dignidade do Sacerdote: consagração sacerdotal e missão especial para o apostolado.
  • O apostolado leigo é uma colaboração com o apostolado sacerdotal.

Como?

  • Descrever de que maneiras os chefes podem faltar ao respeito e à obediência.
  • Obediência também aos oficiais leigos que atuam em nome do Pe. Diretor; disciplina na ausência do Padre.
  • União e concórdia entre os chefes. Dar exemplo de disciplina aos congregados.

2. Com respeito à iniciativa

Por quê?

  • As regras estabelecem que os "oficiais maiores" devem participar do governo da C. M.
  • A falta de Padres no Brasil e o excesso de trabalho dos Sacerdotes.
  • A situação do Catolicismo no Brasil (indiferentismo, boa disposição do povo, ignorância religiosa, propaganda protestante e espírita, etc.) clama por católicos leigos bem formados e capazes de trabalhar com iniciativa e responsabilidade.
  • O objetivo da C. M. não é tornar-se um peso, mas um alívio para o Sacerdote.
  • Portanto, é falsa a concepção de que, na C. M., os leigos devem ser passivos e puramente receptivos. Ao contrário!

Como?

  • Princípio geral: Tudo o que os leigos podem fazer, devem fazer, não deixando para o Padre.
  • Aplicação prática: Existem, por acaso, na nossa C. M., trabalhos que os leigos poderiam assumir para aliviar o Padre?
  • Não declinar pequenos serviços; oferecer-se para substituir o encarregado ausente.
  • Fazer propostas para a organização e atividades da C. M. Aceitar a decisão final do Pe. Diretor, mesmo que seja contrária às próprias ideias; não tentar realizar as ideias próprias por meios ilegais.
  • Fazer propostas de forma correta: com franqueza e sinceridade, mas também com modéstia, conforme as regras.
  • Preparar bem as reuniões, festas, retiros, desfiles, etc.
  • Colaboração confiante com o Pe. Diretor e com outros chefes.
  • Animar outros jovens a assumir pequenos cargos de responsabilidade.

II. Atitude do chefe com os congregados

1. Humildade e modéstia

O chefe aparece frequentemente em público, dá ordens, faz discursos e pode ser aplaudido. Qual é a tentação mais óbvia? O chefe pode se julgar acima dos demais congregados, tornando-se vaidoso e até orgulhoso. Se ceder a essa tentação, sua influência ganhará ou perderá? É uma lei geral: ninguém gosta de alguém orgulhoso e vaidoso. A impressão de vaidade em um chefe é sentença de morte para seu apostolado. A vaidade destrói toda possibilidade de influenciar e ganhar a simpatia dos outros.

Essa atitude é compatível com nosso Senhor e com a Virgem Santíssima? Cada palavra e ação da Virgem condena a vaidade e a presunção. E qual foi a atitude de nosso Senhor? "Quem é o maior entre vós, seja vosso servo" (ler Mat. 23, 8-12). A esse propósito, vale lembrar a cena dos filhos de Zebedeu (ler Mat. 20, 20-28).

Por isso, o chefe deve evitar tudo que aparenta vaidade e orgulho. Deve sentar-se modestamente entre os congregados, não procurar os primeiros lugares. Não deve vangloriar-se nem ansear por ver seu nome mencionado ou impresso. Não se deve mostrar ofendido por não ser suficientemente honrado.

2. Disciplina e domínio de si mesmo

Em primeiro lugar, com respeito aos congregados individualmente. Ser discreto! Nunca falar sobre defeitos conhecidos em virtude do cargo ou em confidência. Em geral, não mencionar faltas alheias. A confiança pressupõe discrição. Ser delicado! Aperfeiçoar seu tato no trato com os outros. Respeitar os sentimentos dos camaradas.

Depois, disciplina na vida coletiva. O chefe está submetido a alguma disciplina em relação aos outros? Certamente, em relação ao Pe. Diretor e aos oficiais. Na C. M., deve reinar a disciplina entre os congregados. Somente um chefe que pratica a disciplina pode exigi-la verdadeiramente. Muitas vezes, a atividade da C. M. é prejudicada por rivalidades, antipatias pessoais, inveja e rixas mesquinhas.

Os chefes devem dar o exemplo de disciplina, sujeitando-se aos chefes superiores. Quando uma ordem é dada, as discussões devem cessar. Onde há um chefe, deve haver harmonia e concórdia. Todos os chefes devem irradiar paz, pois são os pacíficos que "serão chamados filhos de Deus" (Mat. 5, 9).

3. Bondade e amabilidade

Temos o exemplo empolgante de Jesus: que bondade para com os pecadores, os discípulos, São Pedro em particular, para com a mulher adúltera e com o malfeitor crucificado ao seu lado. Na vida da Santíssima Virgem, observamos o mesmo: que atenção para com sua prima, Santa Isabel, nas bodas de Caná e em sua perpétua solicitude como Mãe da Igreja. O chefe deve tratar com bondade e mansidão os camaradas. Deve, por isso, ser fraco e sempre condescendente? Deve renunciar a expor claramente as obrigações? Não, pelo contrário! A verdadeira amizade e bondade consistem em querer o bem do outro. Quem quer bem, deve muitas vezes exigir, advertir e até ameaçar. Mas o motivo deve ser sempre a verdadeira bondade e a sincera cortesia amável.

O chefe deve ser atencioso especialmente para com os doentes, os fracos, os pobres e os desviados. Deve tentar conquistar os tíbios na prática da religião com pequenos atos de bondade. Ser o anjo da guarda dos outros — eis o ideal do chefe mariano!



5ª PALESTRA:

As atitudes do chefe com relação ao trabalho

Suponhamos que devemos delinear o perfil do chefe da Congregação em sua atividade. Quais características e virtudes principais ele deve ter?

Enumeremos e analisemos algumas.

I. Pureza de Intenção

Quais intenções menos retas podem facilmente surgir no apostolado? Vaidade, desejo de mandar, adulação para conquistar as boas graças do Diretor ou dos congregados, mania de trabalho exterior, inveja dos sucessos alheios, ambição de igualar ou superar os outros.

E quais são as intenções retas e puras? Espalhar o Reino de Cristo, desejo de vê-lo amado por todos, promover a glória de Deus, salvar as almas imortais, contribuir para que Cristo cresça nas almas, alcançar para todos a vida divina da graça, tornar todos verdadeiramente felizes, colaborar com a graça de Deus, etc.

A ideia fundamental é que a intenção pura significa procurar, não a si mesmo, mas o interesse de Deus. Gostar do apostolado e sentir uma alegria natural nos trabalhos apostólicos não é falta de reta intenção, pois esses motivos naturais podem nos ajudar. Contudo, o motivo dominante deve ser sobrenatural.

Motivos: Deus precisa de nós? Não. Trabalhar em seu interesse é uma graça para nós. Recebemos um prêmio especial no Céu; ganhamos a amizade de Deus e dos Santos, crescemos no amor divino e aperfeiçoamos nosso caráter.

Dignidade e honra do apostolado: Colaborar intimamente com o Presidente de um Estado é uma honra. Nós colaboramos com Deus! Não há atividade mais importante e decisiva para toda a eternidade!

Dar toda a glória a Deus: "Depois de cumprirdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos apenas o que era de nossa obrigação" (Lc 17, 10). S. Paulo: "Quid habes quod non accepisti? Si autem accepisti, quid gloriaris quasi non acceperis?" (1 Cor 4, 7).

Exemplo: Maria Santíssima, na Anunciação. A tentação de orgulho por ser escolhida para Mãe de Deus foi grande, mas Maria exprime a pureza de sua intenção: "Ecce ancilla Domini". Ela esconde as graças extraordinárias, mesmo de S. José.

Meios: Renovar diariamente e várias vezes a reta intenção. Jaculatórias: "Só por ti, ó meu Deus! Para mim o trabalho, a ti a glória e honra! Importa que o bem seja feito, não importa por quem."

II. Zelo

Motivos e exemplos: Deus se chama "Deus zeloso". Jesus Cristo consumia suas forças no trabalho apostólico. Zelo pela casa do Senhor na expulsão dos vendilhões do templo. S. Paulo: "Caritas Christi urget nos". A atividade incansável dos inimigos da Igreja, dos Protestantes, etc. A importância da nossa atividade apostólica: uma palavra pode ser decisiva para a salvação eterna de uma alma. Deus frequentemente faz depender sua graça do nosso trabalho. Convidar um camarada para Missa ou uma reunião da C. M. pode ser o começo de sua conversão.

Formas concretas do zelo: Sentir-se responsável pelos camaradas, pela paróquia, pela C. M.; estar sempre pronto a ajudar, pôr-se à disposição do Padre, não se esquivar, fazer propostas, conquistar novos congregados, trazer os camaradas à Comunhão pascal, à Missa dominical, etc. Descobrir métodos para influenciar o meio profissional (fichários, etc.).

Perigos: Exagero do zelo, a ponto de não achar tempo para rezar e cuidar da própria alma. Exteriorização e ativismo vazio e superficial.

III. Paciência e Constância

Motivos e exemplos: Jesus, durante seu apostolado, repetiu muitas vezes a mesma verdade aos apóstolos, suportou seus defeitos e imperfeições e mostrou paciência com os pecadores. Continuou com constância até à Cruz, ensinando e beneficiando a todos, apesar de muitas vezes trabalhar sem sucesso sensível e ser recebido com ingratidão e tibieza. Maria Santíssima, após a Encarnação, mostrou paciência em todas as provações. Observou a hostilidade dos Judeus e o abismo crescente entre seu Filho e o povo hebraico, mas permaneceu firme e de pé, modelo de paciência e constância, junto à Cruz.

Aplicações concretas: Precisamos de chefes de confiança, que levem a sério as empresas recebidas. Preconceitos contra a C. M. surgirão se os chefes se deixarem guiar por caprichos ou motivos mesquinhos. Cumprir sempre a palavra e observar os prazos combinados. Ser constante na execução dos propósitos. Não desanimar após a primeira tentativa frustrada. Empenhar-se com paciência e energia em qualquer circunstância.

Exemplos: Comerciantes que, após falirem duas vezes, recomeçam tenazmente e tornam-se ricos. Inventores que fazem milhares de experiências para provar uma hipótese. Não devemos nos deixar vencer por eles em tenacidade e constância.

IV. Espírito de Sacrifício

Considerações: Apostolado sem sacrifício é uma ilusão. Quem procura sinceramente os interesses de Deus, deve renunciar a muitas vantagens pessoais, comodidades, divertimentos, recreios; deve dar passos aparentemente inúteis, vencer o respeito humano, humilhar-se diante dos outros e talvez suportar ludíbrios e calúnias. O espírito de sacrifício é a alma do apostolado e o índice do valor do chefe. Quanto maior o espírito de sacrifício, mais "chefe mariano" ele é.



6ª PALESTRA:

Aplicações práticas: Sacrificar o tempo livre para o apostolado. Sacrificar dinheiro para livros. Não se esquivar de trabalhos desagradáveis. Suportar em silêncio a falta de gratidão e reconhecimento dos homens, dos camaradas e até do Pe. Diretor. Encarregar-se de trabalhos contínuos e regulares. Ver com bons olhos os sucessos dos outros. Aceitar cargos modestos e subordinados.

Motivos e exemplos: Jesus Cristo, até à Cruz, sacrificou casa própria, esplendor externo, riqueza, reputação, boa fama, confiança dos amigos, gratidão do povo, saúde e integridade corporal, até a última gota de sangue. Maria, em sua atitude central de sacrifício: "Fiat mihi... Ecce ancilla Domini..." Ela participa das imolações do Salvador, especialmente na Paixão, onde sacrifica o próprio Filho. Regina martyrum... Mater dolorosa...

Se esportistas e pugilistas fazem renúncias enormes durante anos para alcançar um triunfo passageiro, podemos nós recusar sacrifícios para alcançar uma coroa eterna? A juventude imola a vida na guerra pela Pátria terrena, como poderíamos hesitar em sacrificar algumas horas ou pequenas comodidades pelo Reino de Cristo? Quanto uma mãe sacrifica pelos filhos, o esposo pela esposa, e de boa vontade! O verdadeiro amor é prontidão no sacrifício.

Meios: Meditação da vida e morte de Nosso Senhor e do exemplo de Maria. Comunhão frequente, pois recebemos na S. Hóstia o corpo imolado da vítima divina. Penetrar o sentido da S. Missa como sacrifício. Estudo da S. Escritura. Orações para obter a graça do desinteresse e vencer o egoísmo imoderado.



7ª PALESTRA:

A Atividade do Chefe na Paróquia e no Ambiente

A atividade da Congregação Mariana (C.M.) desenvolve-se, na maioria dos casos, dentro da Paróquia. Qual é, então, o papel da C.M. na Paróquia, e como pode o chefe contribuir para realizá-lo? As Congregações não-paroquiais podem aplicar quase tudo o que se diz sobre a Paróquia ao meio em que são erigidas (Colégio, Escola, Universidade, etc.).

Podemos resumir o papel da C.M. na Paróquia ou no seu meio com três palavras: exemplo, colaboração, conquista.

I. Exemplo

Compreendamos a grande importância do exemplo que a C.M. dá a toda a Paróquia (ou escola). Descrevamos um pouco: não apenas outros jovens, mas toda a paróquia tem os olhos voltados para a C.M. Como todos se sentem edificados, elevados e animados quando a longa fila de congregados se aproxima da Sagrada Mesa; quando, nos domingos, um grupo considerável de jovens, com sua medalha e fita, reza com atenção, canta com entusiasmo e comunga com fervor. Com tal exemplo, mais de um jovem aprende a vencer o respeito humano e a imitar os congregados. E, às vezes, outras organizações imitam a C.M. nessas práticas!

Os inimigos da Igreja, em vários países, preparam suas demonstrações públicas com cuidado, sabendo que tais espetáculos oferecidos ao povo conquistam novos adeptos para o seu movimento.

Conheço um alto funcionário de Estado que, entrando por acaso numa igreja cheia de homens que rezavam e cantavam exemplarmente, se impressionou de tal modo que imediatamente se inscreveu nessa organização; era uma C.M. de homens casados.

Por ocasião de um desfile de uma C.M. em honra de Nossa Senhora, a impressão em dois jovens foi tão grande que imediatamente se aproximaram de um congregado e perguntaram: "Podemos também fazer parte dessa Congregação?"

Edificante é o exemplo, em Budapeste, de dois generais do exército que, ostentando as medalhas de congregados, participaram da hora de adoração de sua Congregação, ajoelhados diante do Santíssimo!

Cumpre, portanto, aos chefes fazer tudo o que podem para que toda representação pública da C.M. na Paróquia seja sempre não somente digna, mas a mais perfeita possível, até nos mínimos detalhes, como rezar e cantar bem em comum, caminhar ordenadamente, comportar-se com devoção e respeito, etc.

Qual deve ser a atitude para com os Sacerdotes da Paróquia? Cumprimentar, falar e responder aos Padres com sincero respeito, convencidos de que o Sacerdote é o Vigário de Cristo. Jamais comentar seus defeitos; pensar que o que deve ditar nossa atitude não é a pessoa, mas a dignidade do Padre.

Numa conversa onde se comentavam os defeitos de um Sacerdote, um congregado, homem casado, se opôs francamente, dizendo: "Um soldado fala com respeito dos seus oficiais, e no exército de Cristo os Sacerdotes são os nossos oficiais."

II. Colaboração

O que representa a C.M. na Paróquia? Uma pequena célula da vida católica. O que é mais natural: a Paróquia servir à C.M. ou a C.M. servir à Paróquia? É justo que a C.M. seja um peso para os Padres, em vez de um auxílio? Ponha-se, pois, a C.M. à disposição do Pe. Vigário; ofereça-se para preparar e organizar missões, procissões, adorações noturnas e, sobretudo, para o ensino do catecismo e outras obras de apostolado.

Um serviço sempre necessário numa Paróquia é o serviço do altar. Quantas vezes faltam coroinhas! Seria ideal que todos os congregados soubessem ajudar na Missa.

Devemos conseguir que, pouco a pouco, todos os Padres cheguem à convicção: "Posso sempre contar com os congregados, pois estão sempre prontos para qualquer iniciativa e são dignos de toda confiança."

III. Conquista

Este é o trabalho indispensável da Congregação! Para que conquistar os outros? Para a vida paroquial, para a Missa dominical, a Comunhão e a Confissão, e também para a C.M. Para isso, não é preciso esperar o apelo expresso do Pároco ou do Pe. Diretor. Cada congregado é obrigado, pelos estatutos, a ser apóstolo. Pensemos, pois, nestes três pontos:

  1. Responsabilidade dos congregados: A C.M. não deve ser um peso para os Sacerdotes, mas um auxílio. Os congregados devem se perguntar, todos os anos: "O que fizemos para atrair outros jovens à vida paroquial?" Os sacerdotes não podem fazer tudo. Compete aos leigos ajudá-los no ensino do catecismo, no convite aos companheiros para as práticas religiosas. São milhares os que não sabem catecismo, os que não têm coragem de frequentar a igreja sem um convite e a companhia de um amigo.

  2. Entusiasmo e sede de almas: Na Idade Média, milhares de cavaleiros deixavam família e pátria para a conquista da Terra Santa. O mesmo entusiasmo, a mesma sede de almas e o mesmo espírito de sacrifício devem animar-nos na conquista de uma "Terra Santa" muito mais importante: a alma imortal.

  3. Conquista de almas para Cristo: Qual é o fim deste apostolado? Conquistar almas para Cristo. Trata-se da salvação eterna, de conhecer a Jesus Cristo, o único Salvador, e de encontrar o caminho dos Sacramentos, fonte de energia para o homem tornar-se santo e feliz.

Haverá algum congregado que não esteja disposto a sacrificar uma hora livre para um trabalho de tamanha importância?

Como Conquistar os Camaradas?

Aconselhamos às Congregações que organizem um fichário com os nomes de todos os jovens católicos e mais observações que possam facilitar o apostolado. Muitas C.M. têm um fichário dos próprios membros. Muito bem! Entretanto, por que não compor mais um fichário, anotando todos os moços católicos da Paróquia ou do meio, sem exceção? E por que não distribuir esses nomes entre os congregados mais fervorosos e capazes, segundo o lugar onde moram ou as profissões que exercem?

Cada congregado pode se encarregar de 6 ou 8 rapazes, procurando cativar-lhes a simpatia. O fim principal é conquistá-los para a vida cristã, para que façam a Páscoa, frequentem a Missa aos domingos e, pouco a pouco, quem sabe, atraí-los à Congregação.

Sugestões para Influenciá-los:

  • Procurar primeiro conquistar a amizade, o que supõe um bom exemplo de vida moral e religiosa.
  • Prestar-lhes pequenos serviços. Tais atenções, feitas com sentimento afetuoso e desinteressado, atraem simpatia e, muitas vezes, amizade.
  • Procurar o camarada desviado, sobretudo quando está doente. Como é agradável a visita de um amigo durante a enfermidade!
  • Oferecer-lhe algum livro interessante ou uma boa revista.
  • Convidá-lo para participar de uma reunião da C.M. e acompanhá-lo.



CONFERÊNCIA:

A difusão das Congregações Marianas no mundo inteiro

Achamos muito conveniente que o Diretor do Curso apresente, como última Conferência, a fita composta pelo Secretariado Geral das C.M. em Roma, sob o título: "A difusão das Congregações Marianas no mundo inteiro". Esta fita, com texto riquíssimo em português, está à venda na Confederação Nacional (Caixa Postal 1.561, Rio). O Diretor deve recomendar aos chefes a compra desta fita para que repitam esta Conferência, contribuindo para o entusiasmo e o espírito de união dos marianos em suas Congregações.



XI. EXERCÍCIOS PRÁTICOS

Entendemos por "Exercícios práticos", a execução concreta do que se exige na IV Parte dos "Requisitos no Exame" ("Cavaleiros de Maria").

Por exemplo, para ensinar a ajudar a Missa, mande primeiro um dos congregados executar as cerimônias, enquanto os outros observam e apontam as falhas.

Depois fará o mesmo ensaio um outro congregado, etc. Um dos participantes do Curso dirige a oração comum, chamando a atenção para deficiências eventuais. Outro, ainda, explica aos companheiros um capítulo dos "Opúsculos de formação", e todos acompanham-no observando o seu método e fazendo-lhe as observações que tiverem notado.

Será inútil contentar-se com algumas diretivas teóricas. É preciso ensaiar cada ponto com cuidado e precisão. Mudar sempre a pessoa que executa o exercício.

Fazer com que os jovens mesmos encontrem os defeitos e as imperfeições, perguntando o Diretor: "Quem o pode fazer melhor?" (Portanto o Diretor não aponte os erros, mas faça que os congregados os encontrem).

Todos tomem apontamentos. Se num caso particular parecer supérfluo fazer executar o exercício inteiro, proponha-se ao menos a questão: "Quais são os defeitos que ordinariamente se notam nesta prática?"


XII. ÚLTIMA BÊNÇÃO EUCARÍSTICA

Propomos este método: Depois da Exposição do SS. Sacramento, o Diretor resume numa só oração todos os argumentos principais do Curso. Recitam-se depois as ladainhas; durante esta recitação ou canto cada um dos futuros chefes encaminha-se, um após outro, ao altar e lá depõe um bilhetinho no qual promete a Nossa Senhora:

  1. preparar-se bem para o exame com o fim de se tornar um chefe segundo a Sua vontade;
  2. estar convencido da sua indignidade para um tal cargo, e desde já satisfeito, mesmo após um bom exame, em ser o último dos aceitos.

O Diretor explica então, que estes bilhetinhos, depois de serem colocados no altar como homenagem a Maria, serão entregues ao respectivo Diretor.


XIII. O EXAME FINAL

No exame, o Examinador deve verificar com toda a exatidão se o candidato em questão satisfaz realmente a cada um dos requisitos. Todo este sistema de formação especializada é instituído para formar uma elite de moços dos quais podemos estar seguros que sabem as coisas exigidas no Exame. Se começarmos a fechar os olhos, deixando passar examinandos não bem preparados, todo o sistema perderá o seu valor e a sua reputação. Por isto, a Confederação não pode por sua assinatura no diploma, se o Examinador não tiver declarado por escrito que cada um dos Examinandos satisfez a todos os pontos do Exame.


REQUISITOS PARA O PRIMEIRO GRAU DE CHEFES

I. Condições prévias:

  1. Conduta exemplar na C. M.
  2. Disposição constante de colaborar com a C. M.
  3. Procedimento irrepreensível na Paróquia, na Família e na Vida profissional.

II. Conhecimentos teóricos:

  1. Porque formação especial dos "chefes"?
  2. Que significa ser "chefe" na C. M.? Relações do chefe com Jesus Cristo.
  3. A fisionomia do chefe da C. M.
  4. O valor da devoção mariana para o chefe.

III. Obrigações especiais:

  1. Comunhão ao menos semanal.
  2. Formação do caráter sob a direção espiritual dum Padre.
  3. Leitura dum livro sério de formação duas vezes por semana.
  4. Rezar diariamente o Terço.

IV. Capacidades técnicas e da organização:

  1. Saber bem o Catecismo.
  2. Saber explicar aos congregados, em forma de conversa, a matéria do 1º, 2º e 3º "Opúsculos de formação".
  3. Conhecer o modo de ajudar a S. Missa e saber ensiná-lo aos outros.
  4. Conhecer o uso do "Missal".
  5. Saber ensinar o comportamento na igreja (água benta, genuflexão, etc.).
  6. Saber ensinar a rezar em comum.
  7. Saber rezar em público sem fórmula fixa as orações ordinárias (da manhã, da noite, depois da S. Comunhão).
  8. Saber falar 5 minutos com uma preparação de alguns minutos.
  9. Saber ler e contar historietas de um modo atraente.

REQUISITOS PARA O SEGUNDO GRAU DE CHEFES

I. Condições prévias:

  1. Conduta exemplar na C. M.
  2. Vida irrepreensível como cristão na família e na vida profissional.
  3. Possuir o primeiro grau de chefe e ter desempenhado um cargo na C. M. com bom êxito.

II. Conhecimentos teóricos:

  1. As características da C. M.
  2. As regras da C. M. e o Manual do congregado.
  3. O traço caraterístico mariano no semblante do chefe: Vontade de servir.
  4. As virtudes necessárias para o chefe sobretudo hoje em dia.

III. Obrigações especiais:

  1. Comunhão ao menos semanal.
  2. Formação do caráter sob a direção de um Padre.
  3. Reza diária do Terço.
  4. Meditação quotidiana.

IV. Capacidades técnicas e de organização:

  1. Conhecer todas as reuniões e iniciativas da C.M. e ser capaz de dirigi-las.
  2. Conhecer as obrigações e objetivos de cada ofício na C.M.
  3. Conhecer o papel da C.M. na paróquia e no meio profissional.
  4. Saber ensinar a matéria dos "Opúsculos de formação".
  5. Conhecer os principais métodos de apostolado.
  6. Saber fazer discursos e conferências sobre temas religiosos.

XIV. QUESTIONÁRIO

Para o uso do Examinador sobre a parte teórica (D parte) (v. "Cavaleiros de Maria", p. 17)

ad I: Porque formação especial dos chefes?

  • Que entendemos pela palavra "chefe"?
  • Quais são as razões da parte da C.M. que motivam a formação dos chefes?
  • Que método aplicou Nosso Salvador?
  • Qual é o elemento decisivo num exército?
  • Qual é o papel dos chefes segundo as regras? (Ajudar o Diretor no governo; exceder os outros na virtude; dirigir as seções, obras, etc.).
  • Em que sentido exprimiram-se as pessoas competentes?
  • Pode ser realizado o fim da C.M. sem chefes bem formados? (A massa dos moços não pode ser influenciada eficazmente sem elite; ora, a C.M., ela mesma não representando esta elite, necessita dum grupo escolhido de chefes ativos e capazes).
  • Porque os tempos atuais requerem homens bem instruídos?
  • E no Brasil?
  • Mas, o Brasil é um país católico?
  • Há talvez adversários da Igreja que formara os seus chefes?
  • É justo aprender também do adversário?
  • Fazem eles mais ou menos que nós para formar os chefes?
  • Porque exige o interesse da Igreja a formação de chefes?
  • Porque o da Pátria?

ad II: Que significa ser chefe na C.M.?

  • Explica o significado da palavra "chefe". (Duplo: autoridade externa e interna).
  • Quem é o chefe absoluto?
  • Porque Jesus?
  • É Jesus, por acaso, o único chefe religioso?
  • Quem participa do ofício real de Jesus?
  • Também os leigos?
  • Recebem eles para isso uma consagração?
  • Em que sentido é Jesus o fundamento do nosso ofício de chefe?
  • Quais obrigações nos impõe isto?
  • Qual é o objetivo do ofício de chefe?
  • Quais os meios?
  • Devem estes também ser relacionados com Cristo?
  • Conheces um exemplo que explica como as nossas virtudes manifestam Jesus Cristo?

ad III: A fisionomia do chefe na C.M.

  • Mostra por exemplos os dois tipos extremos de chefes.
  • Descreve o tipo justo.
  • Descreve com pormenores a maneira de agir dos três tipos.
  • Quais são as caraterísticas do verdadeiro chefe mariano?
  • Tem o chefe na C.M. uma verdadeira autoridade e responsabilidade?
  • Parece que não pode ser assim, pois as regras dão toda autoridade e responsabilidade ao Padre (suprema — é sim, única — não; pois os chefes tem autoridade e responsabilidade derivada ou participada).
  • Que dizem com respeito a isso as regras?
  • Como o chefe pode e deve praticar a autoridade e responsabilidade? Exemplos.
  • Pode o Pe. Diretor limitar a autoridade e responsabilidade do chefe?
  • Pode ele anular uma resolução da Diretoria?
  • Depor os chefes dos seus cargos?
  • É o chefe isento da obediência para com o Pe. Diretor?
  • Como se mostra esta virtude?
  • Devem os chefes ser ativos?
  • Como p. ex.?
  • É a vida interior menos importante para eles?
  • Porque não?
  • Necessitamos de chefes capazes?
  • Em que sentido?
  • Devem eles também ser humildes e modestos?
  • Como praticá-lo?
  • Tem um perigo especial neste ponto?
  • Inculca o próprio espírito da C.M. esta atitude?

ad IV: O valor da devoção mariana para o chefe.

  • É fácil realizar o ideal do chefe mariano?
  • Porque não?
  • Quem ajudar-nos-á nos nossos esforços?
  • Porque propriamente Maria?
  • Qual é o duplo papel da Santíssima Virgem?
  • Quais as graças necessárias para nós? (Para vencer os perigos conexos com o ofício de chefe).
  • Mostrou-se na história Maria como Medianeira das graças? (Bodas de Cana, vida dos Santos).
  • Necessita o apóstolo leigo também de outras graças?
  • Para quem?
  • Se, porém, fazemos grandes esforços pessoais, parece que podemos renunciar à graça divina?
  • Manifesta-se, na vida prática, às vezes tangivelmente, a infrutuosidade dos nossos trabalhos e a eficácia da graça?
  • Que faz por isso o apóstolo zeloso? (Reza, faz sacrifícios para obter a graça).
  • Quais são no Evangelho as principais cenas em que aparece Maria?
  • Quais os traços característicos da Santíssima Virgem?
  • Descreve, como Maria opõe o seu exemplo ao perigo da exterioridade.
  • Descreve o perigo da independência.
  • Como se opõe a isto o exemplo de Maria?
  • O perigo do orgulho e da vaidade do chefe. Como é isto vencido pelo exemplo de Maria?
  • Como se pode, portanto, resumir em duas palavras o ideal do chefe na C.M.?

ÍNDICE

  • Precisamos de chefes
  • Responsabilidade e iniciativa
  • Vozes autorizadas
  • Concretamente, qual o papel dos chefes?
  • A formação dos chefes
  • O método desta formação
  • Observações sobre o Curso
  • A instrução introdutória
  • A benção na Véspera do Curso
  • As conferências
      1. PALESTRA: Confiança na C.M. Motivos externos
      1. PALESTRA Confiança na C.M. Motivos internos
      1. PALESTRA: O fundamento de toda atividade
      1. PALESTRA: As atitudes do chefe para com o Pe. Diretor e os congregados
      1. PALESTRA: As atitudes do chefe com relação ao trabalho
      1. PALESTRA: Sugestões práticas para a atitude do chefe
      1. PALESTRA: A atividade do chefe na Paróquia e no ambiente
      1. CONFERÊNCIA: A difusão das CC. MM. no mundo inteiro
  • Exercícios práticos
  • Última bênção eucarística
  • O Exame final
  • Observações
  • Requisitos para o 1º grau de chefes
  • Requisitos para o 2º grau de chefes
  • Questionário sobre a parte teórica do Exame